G E R A L
11/6/2025 19:51:00
Julgamento do golpe: Desmascarada, “família militar” trinca
Por: Caio de Freitas, Guilherme Cavalcanti, da
Ag. Pública
Não é segredo que, no Brasil, militares se enxergam como pessoas apartadas dos “paisanos” – os civis – e por vezes agem para proteger a “família militar” de críticas externas, mantendo disputas entre eles contidas nos quartéis. Nos interrogatórios do Núcleo 1 da trama golpista na 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), porém, apareceram rachaduras nesta ‘blindagem’ ao longo das falas dos militares réus no caso, todos ex-membros da cúpula do Exército e da Marinha.
Acompanhados pela Agência Pública ao vivo no STF, os depoimentos mostraram à sociedade uma troca de farpas entre militares de alta patente, com comentários ácidos e tentativas de descrédito entre eles. Nas rodas de conversa no plenário da 1ª Turma, circulava a tese de que as defesas de parte dos réus tentavam passar a responsabilidade pela trama ao ex-presidente – e ex-capitão do Exército – Jair Bolsonaro (PL) e ao general da reserva Walter Braga Netto (PL), vice na chapa derrotada em 2022.
O tenente-coronel Mauro Cid e o general Walter Braga Netto protagonizaram o principal embate graças ao encontro dos “kids pretos” Hélio Ferreira Lima e Rafael Martins de Oliveira com o general em sua casa em Brasília (DF) no dia 12 de novembro de 2022, mediado por Cid. As investigações sugerem que naquela data teve início a operação “Copa 2022”, com o objetivo de sequestrar e “neutralizar” autoridades da República, incluindo o ministro do STF Alexandre de Moraes.
De um lado, Cid sustentou sua delação, na qual afirmou que planos mais “radicais” para reverter o resultado eleitoral tiveram início após o fatídico encontro de Braga Netto com os “kids pretos”. Ainda segundo Mauro Cid, dias antes do encontro os dois militares haviam sugerido “causar o caos” para impedir a posse do presidente Lula (PT), como relatado pela Pública. “A ‘toada’ das conversas [com militares] era assim, de pressionar os comandantes para tomarem alguma posição”, afirmou o militar durante seu interrogatório na última segunda (9).
Do outro lado, o general refutou a acusação, dizendo ao ministro Moraes que “o [tenente-]coronel Cid faltou com a verdade”. “Eles saíram juntos com o [tenente-]coronel Cid da minha casa. [Os “kids pretos” Hélio Ferreira Lima e Rafael Martins de Oliveira] estavam tristes que perdemos a eleição, mas eles não tinham intimidade para entrar em assuntos delicados comigo, não tocaram em assunto nenhum de operação”, disse o general Braga Netto.
De acordo com o tenente-coronel Cid, a reunião entre o general e seus dois amigos “kids pretos” teve desdobramentos logo em sequência, com o fornecimento de recursos financeiros a serem usados na operação clandestina.
“Dois dias depois do encontro, fui procurar o general Braga Netto e ele me orientou a procurar alguém do partido [PL]. Conversei com o tesoureiro [do PL], que falou que não tinha como apoiar ‘aquilo’. Não me recordo do espaço temporal, mas o general Braga Netto depois trouxe uma quantia, que foi passada ao [“kid preto” Rafael Martins] de Oliveira. Recebi o dinheiro no Palácio da Alvorada numa caixa de vinho, no mesmo dia eu passei para o major de Oliveira”, acusou Cid.
“Isso não corresponde à realidade. Eu não tinha contato com empresários, então, não pedi dinheiro e não entreguei dinheiro para ninguém”, refutou Braga Netto.
Pouco antes, ao responder perguntas do ministro Moraes sobre o tema, ele confundiu a patente de Mauro Cid, chamando-o de “general” – posto que o pai do tenente-coronel, também chamado Mauro Cid, alcançou enquanto estava na ativa. Indagado pelo ministro após o equívoco, o ex-vice na chapa de Bolsonaro deu uma alfinetada no delator, dizendo: “não, não, o coronel Cid… o general Cid é meu amigo”.
Se o tenente-coronel Cid ‘centrou fogo’ no general Braga Netto, ele também amenizou o papel de outros militares envolvidos na trama – como no caso de seus amigos “kids pretos” acusados de redigirem uma carta para pressionar o Comando do Exército a aderir ao golpe, e em relação ao general da reserva e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno que, segundo Cid, estava “distante” de Jair Bolsonaro à época da trama golpista.
“Não havia tempo para isso”, diz general Heleno sobre infiltração de agentes nas eleições
Então ministro ao qual a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) estava subordinada, o general Augusto Heleno foi o único dos réus que exerceu seu direito de permanecer em silêncio perante todas as defesas, ministros e o procurador-geral da República. O ex-ministro do GSI respondeu somente a perguntas de sua própria defesa e, ainda assim, protagonizou momentos comprometedores.
Segundo as investigações, o general Heleno teria anotações com diretrizes e planos antidemocráticos muito similares aos encontrados com o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, também réu no caso.
Além disso, paira a dúvida de uma possível operação clandestina da inteligência do governo Bolsonaro nas eleições de 2022, graças a uma fala do general Heleno durante a reunião ministerial de 5 de julho daquele ano, uma das evidências usadas pela Polícia Federal no caso. O caso é investigado pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União, que não punirá o general, como revelado pela Pública.
Sobre o papel da inteligência nas eleições de 2022, que teria sido abordado pelo general com o então diretor-adjunto da Abin, Victor Felismino Carneiro, o ex-ministro do GSI negou infiltração de agentes nas campanhas eleitorais por falta de “tempo”, entre outros motivos.
“Eu deixei bem claro para o Victor [Carneiro] que, conforme manda a Constituição, não podemos infiltrar elementos da Abin nessas atividades. Normalmente, os que já estavam, não havia intenção de ‘mascarar’ esse procedimento, não seria possível infiltrar. O prazo para infiltração é muito grande, não havia tempo para isso”, afirmou Heleno.
Já em relação às suas anotações com teor antidemocrático, o general afirma não ter mostrado o material a ninguém. Ele também disse que “tinha de aceitar” o resultado das eleições, mas, ainda assim, reforçou posições ambíguas que já tinham vindo à tona – afirmando que o governo Bolsonaro tinha de “agir antes que houvesse problemas”.
O general ainda fez declarações inusitadas em relação a outros temas, como a suspeita de participação de órgãos de inteligência na elaboração de relatórios sobre fraudes no sistema eleitoral. Perguntado sobre o tema pelo ministro Moraes, ele disse que “não havia clima” para essa produção. Augusto Heleno ainda disse que “o clima na Abin era muito bom”, ignorando diversos escândalos e suspeitas de aparelhamento do órgão no governo Bolsonaro.
General ‘linha-dura’ disse que 8 de Janeiro foi “manifestação pacífica que acabou em baderna”
Em seu interrogatório, o general da reserva do Exército Paulo Sérgio Nogueira, ministro da Defesa durante toda a escalada golpista, tentou se afastar de qualquer ligação com planos de golpe, alegando que suas declarações à época foram “mal colocadas”, resultado do que ele chamou de “linguagem comum” entre militares.
Mas o general e ex-ministro da Defesa confirmou que, à época da crise, o governo Bolsonaro estudou a possibilidade de edição de um um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que permite às Forças Armadas atuarem com poder de polícia, após as eleições. Para o general, a edição de um decreto de GLO poderia ser “legítima”.
Perguntado pelo ministro Luiz Fux sobre o ataque bolsonarista no fatídico 8 de Janeiro, o general Paulo Sérgio disse que não enxerga o evento como uma tentativa de golpe. Para ele, tudo não passou de “uma manifestação pacífica que acabou em baderna”.
Minuta golpista? “Vi uma apresentação na tela do computador”, diz ex-comandante da Marinha
Segundo as investigações, o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, teria sido o único dos três comandantes militares a embarcar na empreitada golpista. A suspeita se baseia em depoimentos dos outros dois ex-comandantes, o general Marco Antônio Freire Gomes e o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, que participaram com Garnier de uma reunião com Jair Bolsonaro no Palácio do Alvorada em 7 de dezembro de 2022.
Em seu interrogatório no STF, o ex-comandante da Marinha falou com desenvoltura e confiança no sentido contrário, negando ter acesso à chamada “minuta golpista” naquela reunião. “Eu não vi minuta, ministro. Eu vi uma apresentação na tela de um computador. Havia um telão onde algumas informações eram apresentadas na tela. Eu não recebi. Quando o senhor fala minuta, eu penso em papel, em um documento que lhe é entregue. Eu não recebi esse tipo de documento”, disse Garnier.
O almirante da reserva ainda criticou, abertamente, a postura do ex-comandante da Aeronáutica Baptista Junior, que teria se oposto a qualquer tipo de intervenção e comunicado sua decisão ao ex-ministro da Defesa, o general Paulo Sérgio Nogueira.
“Um comandante não diz ao ministro da Defesa palavras dessa natureza, como eu lhe falei, até que alguma ordem seja dada e essa ordem seja flagrantemente ilegal”, disse Garnier, que ainda complementou ao ministro Moraes: “acho até que isso não se coaduna com a atitude de um comandante de força, se o senhor me permite”.
Ao mesmo tempo, o ex-comandante da Marinha disse que, à época da crise dos acampamentos, achava que a decretação de uma GLO era um “instrumento adequado dentro de certos parâmetros”. Segundo Garnier, havia uma “preocupação que o presidente tinha – e também era nossa – das inúmeras pessoas que estavam, digamos assim, insatisfeitas e se posicionavam no Brasil todo, normalmente em frente aos quartéis do Exército”.
“Aquilo poderia trazer alguma dificuldade para a segurança pública, não se sabia muito bem para onde ia aquele movimento e, dentre os assuntos tratados [na reunião de 7 de dezembro], esse eu acho que esse ocupou uma boa parte do tempo”, afirmou ainda o ex-comandante da Marinha.
Edição: Thiago Domenici
Fellipe Sampaio/STF

Preso há 6 meses, general Walter Braga Netto (ao centro, na foto) compareceu à audiência virtualmente para depoimento
Tom Molina/STF

Tenente-coronel Mauro Cid em depoimento no STF
Antonio Augusto/STF

No vídeo, mais magro e abatido, o réu general Braga Neto é observado pelo outro réu, Bolsonaro (de costas)
Antonio Augusto/STF

O réu general Augusto Heleno (à dir), ex-ministro do GSI, que exerceu seu direito constitucional de ficar em silêncio no interrogatório e o réu delator Mauro Cid (à esq) durante conversa na audiência
Fellipe Sampaio/STF

O réu general Paulo Sérgio (à esq), que foi ministro da Defesa durante toda a escalada golpista, tentou se afastar de qualquer ligação com planos de golpe
Tom Molina/STF

Ex-comandante da Marinha e réu almirante Almir Garnier Santos teria sido o único dos três comandantes militares a embarcar na empreitada golpista
5/6/2025 04:00:00
Comando Vermelho usa WhatsApp para armas, droga, carros ...
Por: Leonardo Coelho, Matheus Moura - Ag. Pública
Reportagem acompanhou grupos do WhatsApp que são usados para comércio entre membros da segunda maior facção do Brasil
Em meio a uma chuva de ofertas num grupo de WhatsApp que vão de Ipad Pro a R$ 6,5 mil até uma motocicleta Kawasaki Ninja 650 cilindradas por R$ 8 mil, um membro posta a seguinte mensagem: “Macaco prego fêmea super mansa, muito dócil precinho pra sair hoje 3mil”. Logo depois, outro usuário oferece uma submetralhadora GHK Calibre 40 e uma pistola 9mm com kit rajada e lata de Glock. Total? R$ 12 mil. E novas mensagens não param de chegar no grupo Monopólio RJ Venda de Tudo.
A Agência Pública teve acesso ao grupo de WhatsApp e a outros três similares nos quais são vendidos armas, animais, celulares e veículos. A reportagem apurou que administradores e membros do grupo estariam ligados à segunda maior facção criminosa do Brasil, o Comando Vermelho (CV).
Usados como verdadeiras plataformas informais de compra, troca e venda, esses espaços têm de tudo um pouco e um pouco de tudo. A reportagem ficou meses nos grupos, que recebem centenas de publicações por dia, e conseguiu descobrir um pouco como funciona o comércio informal da organização. Os números e nomes dos usuários foram censurados por segurança.
Por Que Isso Importa?
Grupos de WhatsApp têm facilitado transações para membros de facções criminosas, apontam pesquisadores em segurança pública;
Além de objetos roubados, como celulares, a plataforma tem sido usada para compra e venda de armas, inclusive de calibres restritos.
As dinâmicas e ordens do comércio informal
Em um dia, aproximadamente 22% das ofertas de venda do maior grupo deles, que tem mais de 400 usuários, eram relacionadas a celulares, 20% a armas e munições e 18% a drogas como maconha e cocaína pura (conhecida como escama de peixe).
Vendas ou pedidos de carros e motos chegam a 18% dos anúncios. Há também anúncios de ar-condicionado, Cytotec (que é usado para induzir aborto) e Ozempic. Junto a tudo isso, a venda de filhotes de macaco. A ação configura crime ambiental, como estipulado no artigo 29 da Lei de Crimes Ambientais. Tudo é ofertado ao mesmo tempo, de forma caótica.
O objetivo inicial do grupo Monopólio RJ Venda de Tudo, segundo usuários que se apresentam como lideranças, era de que pessoas envolvidas pudessem fazer suas negociações em paz, num ambiente seguro e monitorado. Todavia o grupo se expandiu e hoje as negociações incluem tentativas de golpe, ofertas de produtos que não existem e pedidos de dinheiro.
Cecília Oliveira, jornalista e diretora-executiva do Instituto Fogo Cruzado, comenta que esse tipo de grupo de WhatsApp é mais usado por membros de facções criminosas que ocupam posições menores na hierarquia. “Este é o jeito mais rápido e prático de se comunicar e mesmo havendo outras possibilidades, como o radinho, o zap tem outro alcance e possibilidade de comunicação. Porém, quanto maior a posição na hierarquia, maior o cuidado e menor o acesso, inclusive para membros do grupo.”
Em uma troca de áudios, algumas pessoas que se posicionam como sendo mais experientes dentro do Comando Vermelho apontam que o grupo está muito maior do que deveria, e que deve ter ali ‘alemão’ (gíria para designar pessoas de facções inimigas), policiais e todo tipo de infiltrado e que, portanto, era necessário manter um comportamento mais precavido e realizar as transações econômicas apenas pessoalmente e no “quadrado”.
O “quadrado”, segundo a reportagem apurou, é um tipo de zona franca do tráfico que existe em quase toda favela de maior porte. Nesse local, traficantes da facção ou aliados de diferentes favelas se encontram para negociar drogas, armas e carros sem medo de sofrerem emboscadas ou invasões policiais.
Penha, Alemão, Jacarezinho, Salgueiro (São Gonçalo), todas essas favelas tem seu “quadrado”, que normalmente é localizado em alguma quadra esportiva no miolo da comunidade, onde ninguém entra ou sai de supetão e onde qualquer tentativa de passar a perna numa transação pode ser resolvida na hora mesmo, na base da bala.
“O que garante, na verdade, a segurança para essas transações é o fato delas ocorrerem dentro do território deles”, aponta Carolina Grillo, pesquisadora do Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos da UFF (GENI). Ela vê o WhatsApp como um facilitador dessas transações.
Questionada se outros grupos que a Pública apurou são investigados, a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro respondeu em nota que “investiga a ação de organizações criminosas, e todas as suas atividades. A instituição monitora redes sociais e grupos, a fim de identificar a responsabilizar criminalmente os envolvidos”. [sic]. A Polícia Militar, por sua vez, não respondeu se agentes do setor de inteligência utilizavam esses grupos para angariar informações.
A Meta, empresa responsável pelo WhatsApp, disse que o app não permite o uso do seu serviço para fins que instiguem ou encorajem condutas que sejam ilícitas ou inadequadas e, nos casos de violação dos Termos de Serviço do aplicativo, o WhatsApp toma medidas em relação às contas, como desativá-las ou suspendê-las.
“Para cooperar com investigações criminais, o aplicativo pode também fornecer dados disponíveis em resposta às solicitações de autoridades públicas e em conformidade com a legislação aplicável”, a empresa comentou em nota.
Apesar da declaração da empresa, os quatro grupos acompanhados pela reportagem seguem ativos no aplicativo.
Motos, “Bodes” e Peças
O roubo de carros e motos, ao menos no Rio de Janeiro e em São Paulo, está intimamente ligado a facções criminosas como o Comando Vermelho e, no caso paulistano, o Primeiro Comando da Capital (PCC). Na capital Fluminense, em 2024, a média foi de 84 veículos roubados por dia, enquanto em São Paulo a média foi de 330 para todo o Estado.
Ofertas de veículos, em diversos estados, são comuns nos grupos observados pela reportagem, sempre com preços muito abaixo do valor de mercado. Um Eclipse Cross, da Mitsubishi, que sai a partir de R$ 160 mil, foi ofertado no grupo Monopólio CV por 5 mil reais. O detalhe é que ele vinha com uma barra de direção ruim e foi categorizado como “bode”, nome dado a um carro roubado que é usado para cometer atividades ilegais diversas.
Ainda que o Estado do Rio tenha registrado, em março de 2025, o menor número de roubos de veículos para o mês desde o início da série histórica, em 1991, no mês anterior cerca de 800 veículos foram roubados em pouco mais de quatro dias na capital fluminense. Matérias recentes na imprensa explicitam que o aumento foi uma retaliação da facção a operações no Complexo da Penha e do Alemão.
É difícil de saber o montante exato desse comércio pela facção, mas em 2025 o secretário de Polícia Civil Felipe Curi disse ao jornal O Globo que o Comando Vermelho movimentou cerca de R$ 20 milhões em roubo de veículos e cargas, com elos que levam a carga para revenda em outros estados.
As consequências são várias, mas uma das principais é que o seguro para motoristas na cidade é um dos mais caros do País e surgiram até empresas que “facilitam” o resgate de carros roubados – através de pagamentos. O esquema, que vem sendo desarticulado pela Operação Torniquete da Polícia Civil do Rio de Janeiro, já movimentou mais de R$ 11 milhões para as empresas alvo da investigação.
Segundo a polícia, um dos objetivos desse esquema era evitar que as empresas de seguro automotivo precisassem indenizar seus clientes com base na tabela Fipe. A investigação ainda comprovou que esse modelo impactou diretamente no aumento do número de roubos de veículos ocorridos no segundo semestre do ano passado [2024] e nos dois primeiros meses deste ano em todo o Estado do Rio de Janeiro, principalmente na capital e na Baixada Fluminense.
Para Letícia Delmindo, advogada criminalista e pesquisadora do programa de pós graduação em segurança pública e justiça da UFF, os valores que ela observou nas mensagens enviadas pela reportagem estão muito abaixo do valor de mercado.
“Então, conclui-se que, provavelmente, esse veículo é produto de um furto, um roubo. E se ele é produto de um roubo, de um furto, você adquirir um veículo também configura crime, por receptação, que é um crime”, explica a advogada.
Celulares e Ouro
Quase 25% das ofertas vistas pela Pública nos grupos estão relacionadas ao comércio de celulares. Apesar de nenhum dos itens ter sua origem explicitada, é conhecido que o roubo desses aparelhos é um mercado aquecido no Rio de Janeiro, com elos diretos com o Comando Vermelho.
Dados recentes do ISP (Instituto de Segurança Pública) registraram um aumento de 34% desse tipo de crime na cidade em comparação com o mesmo período do ano passado. Facções como o CV estão diretamente envolvidas, seja recebendo pedágios de gangues menores ou atuando em extorsões às vítimas.
Nos grupos, também são negociados chips de empresas de telefonia, circulam pedidos de ajuda com desbloqueio de iPhones e há venda de peças de celulares.
O ouro, assim como os celulares, são outros marcadores de ostentação entre faccionados. Para negociar o metal precioso, porém, eles criaram um grupo específico, ao qual a reportagem também teve acesso.
No grupo, geralmente se negocia pequenas correntes e escapulários, bem distante dos cordões com quilos de ouro pelos quais muitos traficantes de maior escalão são conhecidos. Mesmo assim, reportagens já mostraram que o CV tem atuado no garimpo de ouro, especialmente na região amazônica.
Pesquisadores já apontam há anos a existência do chamado “narcogarimpo”, o garimpo ilegal feito por organizações criminosas. O estudo A nova corrida do ouro na Amazônia: garimpo ilegal e violência na floresta, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em parceria com o Instituto Mãe Crioula e com apoio do Instituto Clima e Sociedade apresenta esse novo panorama.
Drogas, Armas e Munições
As drogas, armas e munições são parte integral do comércio informal de WhatsApp dos grupos usados pelos membros do Comando Vermelho. A facção é uma das mais belicosas do país, com presença em 23 estados.
Para Oliveira, os preços observados pelos armamentos e munições seguem um padrão de queda que vem ocorrendo desde 2017, quando o governo de Jair Bolsonaro (PL) passou a flexibilizar o acesso a esse tipo de material no país.
“A Glock, até então menos comum e justamente por isso, mais cara, é o melhor exemplo”, lembra a jornalista, que escreveu uma reportagem sobre as novas preferências dos grupos armados.
Na investigação, um armeiro da facção afirmou que a Glock era preferida por ser de fácil manutenção, além de leve e fácil de adaptar para kit rajada, sendo tranquila de esconder – ou se desfazer, em caso de operação – se comparada a um fuzil. Essa é uma descaracterização de uma arma, geralmente uma pistola, para virar uma arma automática. “O kit rajada também substitui a função do fuzil no quesito maior capacidade para munição e portanto, mais tiros sem a necessidade de municiar novamente.”
A reportagem da Pública encontrou diversas ofertas e pedidos desses kits nos grupos de WhatsApp. Há também casos de vendas de armamentos pesados, como submetralhadoras e fuzis, ainda que o comércio seja majoritariamente focado em peças.
Segundo Delmindo, o uso e venda de armas no Brasil são permitidos, porém exige-se uma rigorosa verificação dessas armas. ”Quem controla isso é o SINARM através da Polícia Federal, então, o fato disso estar sendo oferecido em um grupo de aplicativo já denota que não se trata de uma venda legal”, aponta.
Com relação à entorpecentes, existe de tudo nos grupos: de haxixe paquistanes, maconha, cocaína, drogas sintéticas etc. O que sobra em uma favela é ofertado para outros colegas. Em reportagem recente de O Globo, a Polícia Federal expõe que, após uma operação em fevereiro de 2024, o Comando Vermelho teria arrecadado cerca de R$1 milhão com venda de entorpecentes.
Outro relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública “Rastreamento de Produtos e Enfrentamento ao Crime Organizado no Brasil”, dá conta que facções como o Primeiro Comando da Capital e o Comando Vermelho movimentaram R$ 15 bilhões em tráfico de cocaína em 2022, ao passo que quase dez vezes esse valor veio da comercialização de combustível, ouro, cigarros e bebida.
“As organizações criminosas, cada vez mais diversificadas, transcendem o tráfico de drogas e armas, avançando sobre mercados ilícitos complexos, como o de combustíveis, bebidas, cigarros, ouro e crimes digitais”, apontou o documento.
Edição: Bruno Fonseca
Fernado Frazão (Ag. Brasil)
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Usados como verdadeiras plataformas informais de compra, troca e venda, esses espaços têm de tudo um pouco e um pouco de tudo
Nos grupos, há até venda de filhotes de macaco-prego, o que configura crime ambiental
Reprodução

Nos grupos, há até venda de filhotes de macaco-prego, o que configura crime ambiental
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Pedidos de atenção contra golpes são comuns nos grupos observados
Tomas Silva (Ag. Brasil)

No Rio de Janeiro, roubo de carros e motos está intimamente ligado a facções criminosas como o Comando Vermelho
Reprodução

Pedidos de atenção contra golpes são comuns nos grupos observados
Tânia Rêgo (Arquivo-Ag. Brasil)

Investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro aponta que Comando Vermelho movimentou R$ 20 milhões apenas com roubos de veículos e cargas
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Venda de colar de ouro em grupo de WhatsApp do Comando Vermelho
3/6/2025 04:00:17
Militares de Bolsonaro que atuam camuflados no governo de SP
Por: Amanda Audi, da Ag. Pública
Lista inclui militar que se tornou réu por envolvimento no plano de golpe para reconduzir o ex-presidente ao poder
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) levou para cargos do alto escalão do governo paulista ao menos 14 militares que integraram a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Destes, cinco são amigos de Tarcísio há quase três décadas, desde que estudaram juntos na turma de 1996 da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman).
Os 14 que fizeram parte do governo Bolsonaro são: Wagner Rosário, Arthur Lima, Francisco Rocha Fernandes, Gilson Libório, Marcelo Koboldt, André Porto Rodrigues, Antonino dos Santos Guerra, Ricardo Fernandes do Nascimento, Sérgio Codelo Nascimento, Marcos Guerson de Oliveira, Ronaldo França Navarro, Edilson José da Costa, Angelo Martins Denicoli e Alexandre Correa Sampaio. Outros dois são colegas da época da Aman: Fraide Sales e Ronaldo Leite Ferreira.
Ao contrário do governo Bolsonaro, em que militares que compunham o Executivo muitas vezes usavam farda, gritavam “Selva!” ou se saudavam com continência, os da gestão Tarcísio são bem mais discretos sobre a sua origem. Nenhum deles exige ser chamado pela patente e dificilmente serão vistos com roupas camufladas.
Se Tarcísio costuma ser percebido, aos olhos da opinião pública, como um exemplar de “bolsonarismo light”, ou seja, suavizado, os militares de seu governo representariam também um “militarismo light”. Mas apenas na fachada.
Por Que Isso Importa?
O governador de São Paulo levou para o alto escalão do seu governo ao menos 14 militares que integraram a gestão Bolsonaro;
Embora seja vista como representante de um bolsonarismo mais “light”, gestão de Tarcísio opera militarização de São Paulo, afirma especialista.
Um dos militares que teve cargo na gestão Tarcísio é Angelo Martins Denicoli, um dos réus por envolvimento no plano de golpe de Estado que pretendia reconduzir Bolsonaro ao poder. Ele foi assessor da Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp) e só foi exonerado após ser alvo de operação da Polícia Federal (PF) no ano passado. Segundo a denúncia, ele teria editado um documento com informações falsas sobre as urnas eletrônicas e atuado como intermediário entre quem produzia desinformação e jornalistas e influenciadores que a espalhavam.
Antes de entrar no órgão paulista, Denicoli já dava mostras de seu comportamento. Ele foi diretor de Monitoramento e Avaliação do SUS durante a gestão de Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde. Na época, defendia o uso de remédios como a cloroquina contra a Covid-19 e criticava ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em suas redes sociais. Foi desligado após suas falas ganharem repercussão.
Para João Roberto Martins Filho, professor de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos que estuda as relações dos militares com a política, Tarcísio busca se legitimar com esses nomes. “Se um dia ele vier a se candidatar a presidente da República, será visto com bons olhos pelos militares, como um homem leal às Forças Armadas”, afirma.
“Tarcísio quer parecer um militar mais civilizado, mas ele é responsável pela militarização da política em São Paulo. Não só porque tem uma política de cumplicidade com a violência da Polícia Militar, mas também porque chama militares para o governo”, continua.
Chico Teixeira, doutor honoris causa pelas universidades federais de Sergipe e do Rio de Janeiro e professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, diz que não há problema em a política ser ocupada por políticos de direita conservadores – como é o caso de Tarcísio. Mas, sim, quando há atuação que ameace direitos civis e a harmonia entre os poderes.
“É o que vemos em casos como a imposição das escolas cívico-militares e a dispersão das pessoas da Cracolândia sem nenhum cuidado com a saúde delas”, afirma. “Tarcísio nunca criticou tentativa de golpe de Jair Bolsonaro, pelo contrário, sempre defendeu o ex-presidente. Então não usar farda, não fazer saudação nazista, não xingar repórter, não muda em nada a pauta política desses elementos.”
Além dos militares das Forças Armadas, o governo Tarcísio também tem ex-policiais militares no primeiro escalão, como os secretários Guilherme Derrite (Segurança), coronel Helena (Esportes) e Marcello Streifinger (Administração Penitenciária). A Agência Pública entrou em contato com o governo, que não respondeu até a publicação desta reportagem. Também tentamos contatos com os militares citados por meio das assessorias de imprensa de seus respectivos órgãos, mas não tivemos retorno.
Veja outros militares levados
por Tarcísio para a sua gestão:
Controladoria Geral do Estado (CGE)
Entre os nomes, está o de Wagner Rosário, atual Controlador Geral do Estado (CGE). Ex-ministro da Controladoria Geral da União (CGU) de Bolsonaro, Rosário é da mesma turma de Tarcísio na Aman. Os dois deixaram o Exército na mesma época e pelo mesmo motivo, após serem aprovados em concurso da CGU.
Em reunião interministerial em julho de 2022, em que ministros discutiram abertamente ataques à democracia, Rosário chamou de “uma merda” um relatório da CGU que atestava a confiabilidade das urnas eletrônicas. Naquele momento, a poucos meses da eleição, Bolsonaro martelava a sua tese de que as urnas poderiam ser fraudadas.
Rosário defendeu que seria preciso uma força-tarefa envolvendo a CGU, a PF e as Forças Armadas para auditar as urnas em conjunto. “Aí, não é mais as Forças Armadas falando, são três instituições”, disse. Logo depois, demonstrou receio de que sua fala fosse registrada, e perguntou se a reunião estava sendo gravada. Bolsonaro respondeu que não, mas na verdade estava. Apesar de o vídeo da reunião ter embasado investigações da PF sobre as articulações para a tentativa de golpe, Rosário não foi incluído no rol de investigados.
Outro militar que integra o governo Tarcísio é Gilson Libório, atualmente assessor técnico da CGE. Ele foi o responsável pelo órgão de Inteligência do Ministério da Justiça (MJ) que, em 2020, elaborou um relatório de monitoramento de 579 servidores públicos, incluindo policiais e professores universitários, identificados como integrantes do “movimento antifascismo” e críticos ao governo. O dossiê levou à demissão de Libório do cargo, que passou a ser investigado pelo Ministério Público Federal (MPF).
Ele era homem de confiança do ministro bolsonarista André Mendonça, que hoje ocupa uma cadeira do STF. Foi nomeado como assessor quando Mendonça comandava a Advocacia Geral da União (AGU), e depois levado por ele ao ministério.
Ainda na CGE, sob o comando de Rosário, há outros dois militares. Ronaldo Leite Ferreira é chefe de gabinete do órgão. Ele não fez parte do governo Bolsonaro, mas estudou com Tarcísio na Aman e passou pela Missão de Paz na ONU no Haiti, assim como o governador. O assessor técnico da CGE Marcelo Koboldt foi chefe de assessoria para assuntos parlamentares da CGU durante o governo Bolsonaro, quando também era subordinado a Rosário.
Casa Civil
Na Casa Civil, a pasta mais poderosa do governo, Tarcísio levou três militares de sua confiança. O titular, Arthur Lima, estudou com o governador na Aman. Os dois tiveram trajetórias próximas. Considerado ao mesmo tempo braço-direito e cão de guarda do governador, ele é o responsável por aprovar nomeações em cargos do governo e foi um dos coordenadores da equipe de transição.
Em 2011, quando Tarcísio foi alçado ao cargo de diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), ele logo levou Lima para um dos principais cargos sob sua batuta, o de coordenador-geral de Cadastro e Licitações. Anos depois, já no governo Bolsonaro, quando Tarcísio era ministro da Infraestrutura, Lima galgou vários cargos na Empresa de Planejamento e Logística (EPL), que fazia parte do guarda-chuva do ministério, até chegar à sua presidência.
Lima sobrevive no cargo mesmo com pressões constantes de aliados do governador, que criticam sua falta de habilidade para fazer articulações políticas. Até Bolsonaro chegou a tentar tirá-lo para colocar no lugar seu ex-ministro da Casa Civil Ciro Nogueira (PP), mas não teve sucesso.
Ele cogita disputar uma vaga na Câmara Federal nas próximas eleições. Se filiou ao PP no ano passado, mas deixou o partido pouco depois, alegando que “a Casa Civil é o centro do governo” e, por isso, deveria manter neutralidade enquanto tivesse o cargo. Também é conselheiro da Companhia das Docas e da Companhia Paulista de Parcerias.
Abaixo de Lima, Fraide Sales é secretário-executivo da Casa Civil, o número dois da pasta. Ele não fez parte da gestão Bolsonaro, mas é colega da turma de Tarcísio e também participou da Missão de Paz no Haiti e em cargos de gestão durante os governos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).
Sales foi incumbido pelo governador de coordenar a reestruturação da Polícia Civil – apesar de ser coronel do Exército. Isso suscitou críticas de entidades da Civil, que veem a situação como uma intervenção militar dentro da corporação. Ele foi nomeado no lugar de Edilson José Costa, também com origem militar.
Ainda na Casa Civil, Francisco Rocha Fernandes é chefe de gabinete. Ele foi chefe da assessoria de informações da usina de Itaipu durante a administração Bolsonaro.
Chefia de gabinete do governador
André Porto Rodrigues é um dos amigos mais próximos de Tarcísio desde antes de os dois ingressarem na Aman. Em eventos, o governador costuma dizer que os dois têm “quase 40 anos de amizade”. A proximidade o levou à função mais próxima de Tarcísio: a chefia de seu gabinete. É ele quem organiza a agenda e decide quem entra e sai do escritório do chefe.
Antes de ser levado para o governo paulista, o coronel trabalhou no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Bolsonaro, coordenando eventos e viagens nacionais e internacionais do ex-presidente. Antes, serviu como assessor no gabinete do ex-comandante do exército Paulo Sérgio Nogueira – um dos indiciados por tentativa de golpe junto com integrantes do governo Bolsonaro.
Assim que deixou o GSI, em março de 2023, Porto Rodrigues foi nomeado por Tarcísio como assessor especial com designação para chefiar com status de secretário a Gerência de Apoio do Litoral Norte. O órgão, temporário, coordenava as ações do Estado em relação às fortes chuvas que causaram mortes e desabamentos no litoral paulista no início daquele ano. Com o fim do prazo de funcionamento do órgão, ele passou ao gabinete do governador. Porto Rodrigues também ganhou a posição de membro do Conselho Fiscal da Companhia das Docas de São Paulo.
Departamento Estadual de Trânsito (Detran)
Antonino dos Santos Guerra foi admitido em janeiro de 2023 como diretor de sistemas do Detran, e depois passou para a diretoria de administração, onde ficou até dezembro daquele ano. Em seguida, passou a integrar a suplência no conselho fiscal da Prodesp, a empresa de TI do governo.
Foi diretor de Operações do Serviço de Processamento de Dados (Serpro) do governo federal entre 2019 e 2022, durante todo o governo Bolsonaro. O general comandou o Centro de Comunicação e Guerra Eletrônica do Exército entre 2009 e 2014, quando esteve um período subordinado ao general Augusto Heleno, chefe do GSI de Bolsonaro e também indiciado pelo plano de golpe.
Entre 2012 e 2014, Guerra foi um dos responsáveis pelos primeiros contratos com o governo brasileiro da Verint Systems Inc., empresa responsável pelo programa de espionagem usado no esquema que ficou conhecido como Abin paralela.
Departamento de Estradas de Rodagem (DER)
Outros três militares que fizeram parte do governo Bolsonaro estão no Departamento de Estradas de Rodagem (DER). O atual superintendente Sérgio Codelo do Nascimento tem um histórico com Tarcísio que remonta à época em que este comandava o Ministério da Infraestrutura.
Nascimento foi nomeado para ser superintendente do Dnit no Pará, Amapá e São Paulo. Ele ganhou a confiança de Tarcísio após coordenar a pavimentação da BR-163, que liga o Mato Grosso ao Pará, obra que se desenrolava desde a ditadura militar e era vista como estratégica pelo governo Bolsonaro.
A BR-163 é um dos principais canais de escoamento da produção de soja do Mato Grosso, cortando a floresta amazônica ao longo do Rio Xingu. Mas a construção teve um efeito devastador: um ano depois da entrega da obra, em 2021, o desmatamento havia subido 359% ao seu redor.
Além de Nascimento, o DER também abriga o assessor de ouvidoria Ronaldo França Navarro, que na gestão Bolsonaro ocupou cargos na Assessoria Especial da Presidência, Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, Ministério da Cidadania e Casa Civil. E o coordenador de Operações Viárias Ricardo Fernandes do Nascimento, que foi chefe de Análise Técnica da Polícia Rodoviária Federal em São Paulo em 2021.
Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU)
Edilson Veiga da Costa, que foi o número dois da Casa Civil antes de Fraide Sales, foi alocado por Tarcísio na direção do Instituto de Medicina Social e de Criminologia e, depois, como diretor-presidente da EMTU, que gerencia os ônibus de São Paulo. A empresa teve seu processo de extinção iniciado este ano, e Costa é o responsável pela liquidação.
Instituto de Pesos e Medidas de São Paulo (Ipem)
Marcos Guerson de Oliveira, atual presidente do Ipem, foi presidente do Inmetro durante o governo Bolsonaro. A nomeação ocorreu após o ex-presidente demitir toda a diretoria por discordar de uma decisão do órgão, em fevereiro de 2020. Na época, o Inmetro havia publicado uma portaria para substituir tacógrafos (instrumento que registra dados sobre a condução de veículos, como distância percorrida e velocidade). Segundo o ex-presidente, a troca seria cara e iria prejudicar os taxistas.
Oliveira Junior também é da área de Engenharia, como Tarcísio, e participou da Missão de Paz no Haiti. O Ipem é órgão delegado do Inmetro no estado.
Companhia das Docas de São Sebastião
Alexandre Correa Sampaio é o diretor-presidente da Companhia das Docas de São Sebastião. Ele foi diretor de gestão portuária da Companhia das Docas do Pará durante o governo Bolsonaro, órgão vinculado ao Ministério da Infraestrutura, então comandado por Tarcísio.
Edição: Mariama Correia
Colaboração: Ananias Queiroga de Oliveira Filho
Francisco Cepeda (Gov. de SP)

“Tarcísio (foto) quer parecer um militar mais civilizado, mas ele é responsável pela militarização da política em São Paulo. ..."
Matheus Pigozzi (Ag. Pública)

Militares levados por Tarcísio para sua gestão, à frente do governo de SP
30/5/2025 09:34:25
Desemprego em abril tem o menor nível da história
Por: Max Gonçalves, da Ag. Voz
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O Brasil registrou o menor nível de desemprego para um mês de abril da história. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 6,6% da população economicamente ativa está desempregada. Essa porcentagem, em comparação com o mesmo período do ano passado, indica que o número de desocupados caiu 11,5%, o que significa dizer que cerca de um milhão de pessoas que estavam sem emprego, conquistaram um contrato com carteira assinada até abril.
A taxa de desemprego no Brasil ficou abaixo do esperado no trimestre até abril com número recorde de trabalhadores com carteira assinada no setor privado, em um mercado de trabalho que segue em patamar sólido.
O resultado é o mais baixo para o período na série histórica iniciada em 2012. Os trabalhadores com carteira assinada no setor privado cresceram 0,8% nos três meses até abril, comparada com o trimestre anterior, e chegaram a um total de quase 40 milhões de pessoas, um recorde, segundo o IBGE.
De acordo com os analistas do IBGE, a economia brasileira tem ajudado, mantendo o mercado aquecido e provocando a criação de novos postos de trabalho em 2025.
Tânia Rego (Ag. Brasil)

... o número de desocupados caiu 11,5%, o que significa dizer que cerca de um milhão de pessoas que estavam sem emprego, conquistaram um contrato com carteira assinada até abril
29/5/2025 09:48:00
Aposentados serão ressarcidos até dezembro
Por: Katia Maia, da Ag. Voz
Recursos bloqueados e apoio do Tesouro devem garantir o ressarcimento de aposentados e pensionistas
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O governo federal garantiu que os aposentados que foram alvo dos descontos indevidos nos seus benefícios vão receber o dinheiro de volta até 31 de dezembro. O anúncio foi feito pelo presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, durante reunião do Conselho Nacional da Previdência Social.
Mais de R$ 1 bilhão em recursos de entidades investigadas já foram bloqueados para garantir o pagamento aos aposentados fraudados. A Advocacia-Geral da União ainda espera decisão da Justiça sobre o bloqueio de outros R$ 2,5 bilhões. Caso o processo judicial demore, o Tesouro Nacional poderá adiantar parte do valor para agilizar os pagamentos.
O presidente do INSS explicou que os descontos ilegais se concentraram nos últimos dois anos, e não nos últimos cinco, o que deve diminuir o valor total a ser devolvido. Em média, os valores indevidos são de R$ 48 por mês.
Nos últimos dias, cerca de 9 milhões de beneficiários receberam notificação pelo aplicativo Meu INSS e devem confirmar se os descontos foram autorizados. Quem não tem acesso à internet pode buscar atendimento em uma das 4.700 agências dos Correios habilitadas para prestar esse serviço.
O ministro da Previdência, Wolney Queiroz, afirmou que o ressarcimento vai acontecer independentemente das decisões da Justiça sobre os bens das entidades envolvidas.
A reunião do Conselho não contou com a participação dos representantes das associações investigadas pela Polícia Federal. Eles foram afastados preventivamente.
A medida levou o Conselho da Previdência Social a suspender decisões importantes, como o teto de juros do crédito consignado. A expectativa é que os novos representantes sejam definidos em breve.
Para mais informações sobre os benefícios e o ressarcimento dos valores, acesse o aplicativo Meu INSS ou procure uma agência dos Correios mais próxima.
Ag. Brasil/EBC

O anúncio foi feito pelo presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, durante reunião do Conselho Nacional da Previdência Social
27/5/2025 15:14:17
“Ponha-se no seu lugar”, diz senador em ato sexista contra ministra
Por: Fabíola Sinimbú, da Ag. Brasil - Brasília
Após o senador Marcos Rogério (PL-RO), presidente da Comissão de Infraestrutura da Casa, proferir tal ataque verbal à ministra Marina Silva, outro senador, Plinio Valério (PSDB-AM) voltou a agredi-la, dizendo que a ministra não merecia respeito
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A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, deixou a audiência na Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado após ser atacada pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM). O tucano pediu a palavra para fazer uma pergunta, mas acabou afirmando que, como ministra, ela não merecia respeito.
“Estou falando com a ministra e não com a mulher, porque a mulher merece respeito, a ministra, não”, afirmou Plínio Valério. A ministra estava na comissão como convidada para tratar da criação de quatro unidades de conservação marítimas no Amapá.
Durante a audiência, houve calorosos debates sobre temas como a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, o Projeto de Lei do Licenciamento Ambiental e a extensão da BR-319.
Após retrucar que o convite foi feito porque ela ocupa o cargo de ministra e não por ser mulher, Marina Silva e a equipe do ministério deixaram a sessão. Antes de a sessão ser encerrada, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) saiu em defesa da ministra. “O debate político pode ser caloroso, pode se expressar as divergências, pontos de vistas, agora, manifestação de desrespeito é inaceitável”, afirmou Carvalho.
Reincidência
Plínio Valério já havia atacado anteriormente a ministra Marina Silva, durante um discurso público em um evento no Amazonas. Naquela ocasião, o senador afirmou: “Imagine o que é tolerar a Marina seis horas e dez minutos sem enforcá-la”.
Declaração
Ao deixar a audiência, Marina Silva falou com a imprensa e afirmou que não poderia permanecer após ser tratada mais uma vez com desrespeito.
“Eu não poderia ter outra atitude, mas eu dei a chance dele me pedir desculpas”, afirmou a ministra.
A ministra declarou que foi à audiência defender os recursos naturais brasileiros, “fazer com que a gente saia do não pode, para o como pode da forma certa?”. A ministra acrescentou: “Eles pensam que estão agredindo uma pessoa. Estão agredindo um povo.”
Omar Aziz
Antes do ataque verbal de Plínio Valério, o senador Omar Aziz (PSD-AM) provocou Marina Silva, atribuindo a ela culpa pela aprovação do Projeto de Lei 2.159/2021 - que muda as regras do licenciamento ambiental.
“Se essa coisa [o PL] não andar, a senhora também terá responsabilidade do que nós estamos aprovando aqui. Pode ter certeza! Pela intransigência, a falta de vontade de dialogar, de negociar, de conversar e de agilizar, mas nós iremos agilizar”, disse Aziz.
“É não querer honrar os votos de quem os elegeu, porque quem tem um mandato de senador, de deputado, vota pelas convicções que tem, não porque alguém o obrigou a fazer alguma coisa”, rebateu a ministra.
Marina Silva concluiu ressaltando que “o licenciamento ambiental é uma conquista da sociedade brasileira e, nesse momento, só o povo brasileiro pode evitar esse desmonte que está sendo proposto.”
Edição: Aécio Amado/Ag. Brasil e Dinho Garcia/FdC
Lula Marques (Ag, Brasil)

Após retrucar que o convite foi feito porque ela ocupa o cargo de ministra e não por ser mulher, Marina Silva e a equipe do ministério deixaram a sessão
25/5/2025 17:48:00
Começa o reembolso dos descontos indevidos no INSS
Por: Agência Brasil - Brasília
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A partir desta segunda-feira (26), aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que tiveram desconto de mensalidade associativa na folha de pagamentos de abril, vão receber de volta os valores cobrados indevidamente. Ao todo serão estornados de R$ 292 milhões.
Conforme nota do instituto publicada na última semana, “no final de abril, o INSS determinou a suspensão de todos os descontos desse tipo. Porém, como a folha de pagamentos referente àquele mês já estava fechada, os descontos ainda foram realizados nos pagamentos feitos entre 24 de abril e 8 de maio.”
Por decisão do governo federal, o INSS não repassou os valores às entidades associativas, e a devolução será feita junto com o pagamento regular dos benefícios – de 26 de maio a 6 de junho.
“Para isso, o beneficiário não precisa tomar nenhuma providência”, garante o instituto.
Na nota, o INSS publica calendário de pagamento da devolução e alerta para as tentativas de golpe, lembrando que as informações sobre aposentadorias e pensões são repassadas diretamente pelo portal Meu INSS.
Caso o aposentado ou pensionista queira reaver mensalidades cobradas indevidamente em período anterior deve informar no Meu INSS ou pelo telefone 135.
O INSS afirma que “vai acionar a entidade para que comprove a autorização. Caso não haja comprovação, a entidade deverá devolver os recursos ao Instituto, que posteriormente fará o repasse ao beneficiário. A devolução será feita pelo INSS, pelo mesmo meio que faz os pagamentos regulares – seja conta bancária ou cartão magnético.”
Desde a última sexta-feira, beneficiários que desejam fazer empréstimo consignado e autorizar descontos de parcelas nas pensões e aposentadorias deverão fazer identificação biométrica na plataforma do Meu INSS. Veja o passo a passo aqui.
Edição: Denise Griesinger
Marcello Casal Jr. (Ag. Brasil)

Devolução será feita junto com o pagamento regular dos benefícios – de 26 de maio a 6 de junho. “Para isso, o beneficiário não precisa tomar nenhuma providência”, garante o INSS
22/5/2025 12:25:23
INSS: agências dos Correios vão atender vítimas de fraudes
Por: Paula Laboissière, da
Ag. Brasil – Brasília
Medida começa no dia 30 de maio
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A partir do próximo dia 30, agências dos Correios vão prestar atendimento a aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que podem ter sido vítimas de descontos não autorizados feitos por entidades associativas. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (22).
Durante coletiva de imprensa, o presidente do INSS, Giberto Waller, destacou que o serviço presencial será disponibilizado com foco na população de aposentados e pensionistas que não tem acesso à tecnologia.
“O atendimento presencial é exclusivo nas agências dos Correios. As agências do INSS não receberão esse tipo de pedido. A gente tem uma outra demanda, uma outra finalidade para essas agências da previdência social. Mesmo porque a gente não tem a capilaridade que os Correios têm.”
Segundo Waller, o INSS trabalha atualmente com um total de 1.570 agências distribuídas em pouco mais de 700 municípios grandes, onde a maioria da população tem acesso à tecnologia e, portanto, não precisaria se deslocar em busca de atendimento presencial.
“A gente está utilizando a parceria com os Correios para chegar em municípios pequenos onde há mais dificuldade no uso da tecnologia ou no uso da telefonia”, destacou o ministro, citando que a pasta disponibiliza, como canais de comunicação, o aplicativo Meu INSS, sites oficiais e o número de telefone 135.
Para ser atendido em uma agência dos Correios, o aposentado ou pensionista precisa apenas de um documento de identificação. Em casos de pessoas acamadas ou com dificuldade de deslocamento, é possível que uma terceira pessoa compareça ao local, desde que portando uma procuração.
“A pessoa com a procuração, não vai ter a possibilidade de mudar nenhum dado cadastral – [a visita à agência] é somente para fazer a consulta se houve ou não desconto”, destacou o presidente do INSS.
“A ideia é que os Correios, ao receberem essa pessoa, façam o atendimento, abram a tela informando se houve desconto, de qual associação [foi feito o desconto], e se foi autorizado ou não. Ela fecha a manifestação automaticamente, recebe um protocolo com número, horário e data. Isso vai ter uma importância depois”, completou.
Edição: Valéria Aguiar
Arquivo

Com mais agências que o INSS, os Correios contribuirão com o atendimento presencial aos aposentados e pensionistas que não têm acesso à tecnologia
20/5/2025 10:03:21
Voa Brasil beneficia aposentados com 40 mil passagens em 10 meses
Por: Paula Laboissiéri, da Ag. Brasil - Brasília
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O programa Voa Brasil atingiu a marca de 40 mil reservas feitas por beneficiários. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (20) pelo Ministério de Portos e Aeroportos. A iniciativa oferece passagens aéreas de até R$ 200,00 a aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que nunca utilizaram o transporte aéreo ou que estão sem utilizá-lo há pelo menos 12 meses.
“Considerando que o Voa Brasil utiliza assentos ociosos oferecidos pelas companhias aéreas, o número seria suficiente para lotar 300 aeronaves de aposentados desde o início do programa, criado no final de julho do ano passado”, informou a pasta em nota, ao ressaltar a importância do programa para a política de inserção de novos passageiros no modal aéreo.
Principais destinos
Os principais destinos dos aposentados ao longo dos últimos quase 10 meses estão concentrados nas regiões Sudeste (42,5%) e Nordeste (40%). A cidade de São Paulo lidera a relação, seguida pelo Rio de Janeiro, Recife, Fortaleza, Brasília, Salvador, João Pessoa, Maceió, Belo Horizonte e Natal. Ao todo, o programa movimentou aeroportos de 84 cidades.
Entenda
As passagens do Voa Brasil são comercializadas exclusivamente pelo site do programa, sem necessidade de cadastro ou pagamento de taxas. A única restrição é que o aposentado não tenha utilizado o transporte aéreo ao longo dos últimos 12 meses. Ao escolher data e destino, ele é direcionado para o site da companhia aérea, que conclui o processo de compra.
“A maior movimentação de passageiros, especialmente em rotas com ociosidade, pode gerar um impacto positivo na economia local, como aumento do consumo e a geração de empregos em hotéis, restaurantes e outros serviços”, avaliou o ministério no comunicado.
Edição: Graça Adjuto
Divulgação/Gol/Divulgação

Iniciativa oferece passagens aéreas de até R$ 200,00 a aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que nunca utilizaram o transporte aéreo ...
15/5/2025 19:47:17
Pedidos de reembolso ao INSS passam de 1 milhão
Por: Pedro Rafael Vilela, da Ag. Brasil - Brasília
Aposentados e pensionistas contestam descontos indevidos
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Aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) registraram mais de 1 milhão de pedidos de reembolso de descontos não autorizados feito por entidades associativas. Em números totais, 1.051.238 de segurados formalizaram a contestação na plataforma Meu INSS ou pelo canal 135 de atendimento telefônico.
Outros 17.963 informaram que o desconto foi autorizado. O balanço foi divulgado na tarde desta quinta-feira (15) pelo INSS, com dados apurados até as 17h. Este é apenas o segundo dia de funcionamento do serviço que permite ao beneficiário consultar quanto teve de descontos ao longo dos últimos anos e informar se eles foram autorizados ou não, abrindo, assim, um processo administrativo para receber o dinheiro de volta.
São 41 entidades associativas contestadas em todos esses lançamentos, abrangendo todas que têm ou tinham algum credenciamento com o órgão para fazer o desconto.
Cerca de nove milhões de segurados começaram a ser notificados desde terça-feira (13) sobre descontos por entidades e associações. Agora, é possível saber o nome da entidade à qual o aposentado ou pensionista que teve desconto está vinculado, por meio do serviço Consultar Descontos de Entidades Associativas, disponível no aplicativo.
Investigação
Esses descontos são alvo de investigação pela Polícia Federal e pela Controladoria Geral da União (CGU), que apura a atuação de organizações criminosas para fraudar os benefícios previdenciários, associando de forma não autorizada os segurados do INSS.
Ao todo, desde ontem, mais de 4,3 milhões de usuários consultaram a plataforma Meu INSS para verificar quanto tiveram de desconto. O prazo para solicitar um eventual reembolso é indeterminado.
As associações que tiverem seus descontos contestados por um segurado terão de apresentar uma documentação individualizada, no prazo de 15 dias úteis, para comprovar a adesão voluntária do beneficiário aos descontos ou efetuar o recolhimento do dinheiro devido.
Em caso de pagamento, o valor será repassado ao Tesouro Nacional para posterior devolução na conta do segurado. Essas organizações poderão usar uma plataforma própria disponibilizada pela Dataprev (Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social).
Desde a semana passada, quem não teve descontos associativos recebeu a seguinte mensagem: "Fique tranquilo, nenhum desconto foi feito no seu benefício".
Alerta de golpes
Em seu site, o INSS alerta que não tem feito ligações telefônicas nem enviado mensagens SMS por e-mail, WhatsApp ou outro canal diferente dos oficiais para informar sobre os descontos de entidades associativas.
"É preciso redobrar o cuidado com golpes! O contato oficial com os beneficiários do INSS será feito exclusivamente por meio de notificação no aplicativo Meu INSS. [...] Evite clicar em links suspeitos e não forneça dados pessoais se receber alguma ligação", disse a autarquia, em nota.
As informações de interesse dos cidadãos serão divulgadas pelos meios oficiais do instituto: o site do INSS e as redes sociais oficiais do INSS com símbolo de conta verificada.
Em caso de dúvidas, o cidadão deve ligar para a central de teleatendimento 135.
José Cruz (Ag. Brasil)

Em números totais, 1.051.238 de segurados formalizaram a contestação na plataforma Meu INSS ou pelo canal 135 de atendimento telefônico
14/5/2025 20:16:00
INSS: 473,9 mil segurados já contestaram descontos indevidos
Por: Pedro Rafael Vilela, da Ag. Brasil - Brasília
Governo abriu plataforma para receber pedidos de devolução
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Aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) começaram nesta quarta-feira (14) a abrir requerimentos de devolução de valores descontados indevidamente nos últimos anos, por meio dos canais oficiais da autarquia.
O pedido deve ser feito pelo aplicativo Meu INSS, pelo site ou pelo telefone 135.
Em balanço apresentado no fim do dia, o presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, informou já terem sido abertos, neste primeiro dia de funcionamento do sistema, um total de 480.660 procedimentos de reconhecimento ou não dos descontos, somando plataforma online e atendimento telefônico.
Desse total, 473.940 pessoas (98,6%) informaram não reconhecer a cobrança de mensalidade por entidade associativa. Outros 6.720 (1,4%) reconheceram os vínculos. Esses dados foram apurados até as 16h.
São 41 entidades associativas contestadas em todos esses lançamentos, abrangendo todas que têm ou tinham algum credenciamento com o órgão para fazer o desconto.
"Estamos encaminhando para 41 entidades para que, em 15 dias úteis, elas informem o vínculo, documentação que comprove o vínculo ou realizem o pagamento [do desconto não autorizado]. Esse pagamento não vai para a conta do segurado, vai para a conta do Tesouro e o INSS vai ressarci-lo no pagamento em folha, na conta em que ele recebe o benefício", explicou Waller, em coletiva de imprensa.
Cerca de 9 milhões de segurados começaram a ser notificados desde terça-feira (13) sobre descontos por entidades e associações. Agora é possível saber o nome da entidade à qual o aposentado ou pensionista que teve desconto está vinculado, por meio do serviço "Consultar Descontos de Entidades Associativas", disponível no aplicativo.
"A gente precisa reforçar: a forma de entrada desse pedido é pelo aplicativo Meu INSS, central 135 ou pelo site da Previdência, no Meu INSS. Não há nenhuma outra forma de contato. A central de atendimento 135 não liga para ninguém, não entra em contato com ninguém. É você, tendo interesse, liga para o INSS. Não informe nada a ninguém, não assine nada a ninguém, não abra link algum, não dê qualquer tipo de informação", reforçou o presidente do INSS.
Sem prazo
Waller Júnior também enfatizou que os segurados do INSS não precisam ter pressa em abrir o requerimento, pois não há prazo para a contestação dos valores.
"Todos serão ressarcidos no menor tempo possível. Não precisa correr, gente não vai fechar o sistema de um hora para outra", garantiu.
As associações que tiverem seus descontos contestados por um segurado terão de apresentar a documentação individualizada, no prazo de 15 dias úteis, também em uma plataforma própria disponibilizada pela Dataprev.
"Foi colocado à disposição das entidades um sistema que permite que elas façam exatamente esse procedimento. Já é possível para as entidades cumprirem com sua obrigação de apresentarem autorização comprobatória", explicou Rodrigo Assumpção, presidente da
Dataprev.
Para quem abriu procedimento pelo Meu INSS, após esse prazo, a documentação apresentada pela entidade poderá ser conferida, e o segurado vai poder verificar se a assinatura e os documentos conferem com seus dados.
Na mesma plataforma, o segurado pode recusar a veracidade da documentação. A entidade associativa também vai ter a opção de pagar o valor descontado, por meio de Guia de Recolhimento à União (GRU) paga ao Tesouro Nacional.
Quem vai pagar
"A ideia inicial é que quem custeie essa indenização seja o fraudador, aquele que gerou dano a essa pessoa. Depois de verificado quantas pessoas, qual valor a ser pago, aí a gente vai verificar de onde vai sair o dinheiro e como vai sair o dinheiro. Mas, primeiro a gente precisa levantar um tanto, qual o valor", disse o presidente do INSS.
Até o momento, o órgão conta com R$ 1 bilhão apreendido em contas de entidades já no dia da deflagração da operação contra as fraudes, no fim do mês passado.
Outros R$ 2,5 bilhões e bloqueios também já foram solicitados pela Advocacia Geral da União (AGU).
A Dataprev, empresa que fornece o serviço de tecnologia da informação para os sistemas da Previdência, não quis adiantar o valor total contestado por esses mais de 473 mil segurados que já abriram processo na plataforma, já que os prazos de apuração sobre a legalidade dos descontos ainda estão em andamento.
Atendimento presencial
Segundo o INSS, dos mais de 480 mil requerimentos já abertos, 450.426 (93,7%) utilizaram o canal Meu INSS (aplicativo ou site). Pela Central 135, houve 30.234 ligações. Pela média dos atendimentos diários, a autarquia registrou um aumento de 13% nos atendimentos neste primeiro dia de período para pedido de devolução dos descontos.
Dos quase 100 milhões de segurados, 89,5 milhões já utilizam regularmente a plataforma Meu INSS, via aplicativo ou página na internet. Já a média mensal de atendimento pela Central 135 é de 6,9 milhões de ligações, e o atendimento presencial chega a 2,1 milhões de pessoas, mas, nesses casos, se referem a segurados que precisam realizar algum tipo de perícia.
No momento, o presidente do INSS avalia que não é necessário expandir o atendimento de forma presencial utilizando agências de parceiros como Caixa Econômica Federal ou os Correios, que possuem maior capilaridade que o INSS, que está presente em cerca de 800 dos mais de 5,5 mil municípios brasileiros.
"O INSS vem monitorando esses canais de atendimento e verificando se será necessário abrir outros canais. Esse pedido [de devolução de desconto] não tem prazo para terminar. A gente vai monitorando essa situação para verificar se é necessário encontrar parceiros, se vai precisar atender nas agências ou outras formas de busca", afirmou Gilberto Waller Júnior.
O gestor, no entanto, não descartou a possibilidade de fazer busca ativa a partir de um balanço futuro, caso segmentos específicos desses 9 milhões de segurados não tenham conseguido acessar os canais principais de atendimento para avaliar os descontos.
Edição: Carolina Pimentel
14/5/2025 07:32:18
Segurados do INSS podem pedir devolução de descontos ilegais
Por: Wellton Máximo, da Ag. Brasil - Brasília
Cerca de 9 milhões de pessoas começaram a ser notificadas na terça (13)
Clique aqui para ouvir a notícia
A partir desta quarta-feira (14), os aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) podem requerer a devolução de valores descontados indevidamente nos últimos anos. O pedido deve ser feito por meio do aplicativo Meu INSS, pelo site de mesmo nome ou pelo telefone 135.
Agora é possível saber o nome da entidade à qual o aposentado ou pensionista que teve desconto está vinculado, por meio do serviço “Consultar Descontos de Entidades Associativas”, disponível no aplicativo.
Cerca de 9 milhões de segurados começaram a ser notificados na terça-feira (13) sobre descontos por entidades e associações. Caso o aposentado ou pensionista constate descontos não autorizados, poderá solicitar a devolução dos valores pelo próprio aplicativo, pelo site do Meu INSS ou pelo telefone 135.
Segundo o INSS, podem ocorrer instabilidades no aplicativo por causa do alto volume de acessos. “O INSS afirma que a Dataprev, empresa que fornece tecnologia para o INSS, está monitorando e acompanhando de perto o aplicativo Meu INSS”, respondeu a autarquia à Agência Brasil. Para ajudar os segurados que não usam meios eletrônicos, o governo negocia com os Correios a abertura da rede de 8,5 mil agências para atendimento presencial.
Consulta
Para acessar a notificação, é preciso baixar, de forma gratuita, o aplicativo, disponível para os sistemas IOS e Android. O download pode ser feito pela App Store, no caso de celulares do modelo IPhone, ou na Google Play Store, para os demais aparelhos. Após baixar o Meu INSS, será necessário criar uma conta com login e senha, informando o número do CPF. A senha criada serve também para acessar outros serviços públicos, já que todos os portais foram unificados no sistema Gov.br.
Também é possível criar uma conta no Meu INSS por meio de internet banking de bancos credenciados. Neste caso, basta acessar a opção "Entrar com seu banco", disponível na página inicial do aplicativo. Com a conta já aberta, é preciso clicar no sininho que aparece no topo, do lado direito; em seguida, em “Configurar Notificações”; e, por fim, selecionar a opção “Permitir notificações”.
Mensagens
Há duas opções de mensagens disponíveis. Uma para quem teve algum tipo de desconto, que está sendo enviada a partir de hoje.
E outra para quem não teve nenhum desconto, enviada na semana passada: “fique tranquilo, nenhum desconto foi feito em seu benefício. O governo federal descobriu a fraude dos descontos associativos não autorizados e seguirá trabalhando para proteger você e seu benefício”, escreveu o INSS na última semana.
Golpes
O instituto reforça que é preciso ter cuidado com golpes. O contato com beneficiários será feito exclusivamente via notificação por meio do aplicativo Meu INSS. Não haverá contato, portanto, via ligação ou envio de mensagem SMS.
Aposentados e pensionistas com dúvidas ou com dificuldade de acessar o aplicativo podem ligar na central de teleatendimento 135, que funciona de segunda-feira a sábado, das 7h às 22h. Para um atendimento mais rápido, os melhores horários para ligar são após as 16h e aos sábados.
“Para saber informações com segurança, basta acessar os canais oficiais do INSS, como o gov.br/inss e redes sociais oficiais”, recomenda o instituto em comunicado.
Edição: Aline Leal
Joédson Alves (Ag. Brasil)

O pedido deve ser feito por meio do aplicativo Meu INSS, pelo site de mesmo nome ou pelo telefone 135
12/5/2025 22:19:00
Vítimas de descontos no INSS serão avisadas nesta terça-feira (13)
Por: * Agência Brasil
Quem indicar que não autorizou desconto poderá pedir reembolso
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A partir desta terça-feira (13), os aposentados e pensionistas que sofreram descontos em seus benefícios por meio de associações irão receber uma notificação do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A mensagem será enviada pelo aplicativo Meu INSS.
Na mensagem, irão constar os descontos (valores) e os nomes das entidades. O aposentado ou pensionista que for notificado deverá indicar se autorizou ou não o desconto já na quarta-feira (14).
Se o beneficiário informar que não autorizou, poderá pedir o ressarcimento dos valores também na quarta-feira. No total, segundo o INSS, 9 milhões de beneficiários receberão a mensagem.
Os aposentados e pensionistas vítimas de descontos não autorizados de mensalidades associativas serão ressarcidos pelos prejuízos sofridos entre março de 2020 e março de 2025.
O INSS alerta
A notificação será enviada somente pelo aplicativo Meu INSS
Não haverá contato por telefone, envio de SMS para celular.
O INSS não tem intermediários.
Em caso de dúvida, o aposentado ou pensionista deve ligar para central de teleatendimento 135. A central funciona de segunda a sábado, das 7h às 22h. Acesse o aplicativo Meu INSS para facilitar que as notificações apareçam automaticamente em seu celular.
Como será o reembolso
Assim que o beneficiário informar que não autorizou o desconto, o INSS irá acionar a associação para que faça o pagamento e apresente documentação.
O instituto informa que o aposentado e pensionista não precisa apresentar qualquer documento. A associação (que fez o desconto) terá 15 dias úteis para fazer o pagamento. As que não realizarem serão acionadas judicialmente.
* Com informações do INSS e Agência Gov
Joédson Alves (Ag. Brasil)

A notificação será enviada somente pelo aplicativo Meu INSS. Não haverá contato por telefone, envio de SMS para celular. O INSS não tem intermediários
30/4/2025 10:01:00
Governo vê com simpatia redução de jornada de trabalho, diz ministro
Por: Paula Laboissiéri, da Ag. Brasil – Brasília
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“Debate é extremamente importante”, afirma Luiz Marinho
Ao comentar o encontro com centrais sindicais nessa terça-feira (29), no Palácio do Planalto, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, disse que o governo federal vê com simpatia a proposta de redução de jornada máxima de 44 horas para 40 horas semanais.
“Esse é um debate extremamente importante. O governo vê com muita simpatia a necessidade e a possibilidade de reduzir a jornada máxima do País para 40 horas. Acho que o País está preparado para isso. Mas o ambiente de debate não é com o governo. O debate é com o Congresso Nacional porque é por emenda constitucional”, explicou.
Em entrevista a emissoras de rádio durante o programa Bom Dia, Ministro, produzido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Marinho lembrou que diversos projetos que tratam da redução da jornada de trabalho tramitam no Congresso Nacional, inclusive o da jornada 6x1. É um “outro debate que casa com a redução da jornada máxima no País”, observou.
Jornada
“Sempre chamo a atenção para o seguinte: o fim da escala 6x1 é uma discussão importante. É o turno mais cruel para os trabalhadores, em especial, para as trabalhadoras. Ter só um dia de folga na semana acaba sacrificando demais as mães. Portanto, há uma necessidade de debate”, analisou.
E prosseguiu: “O tema, lá no Congresso Nacional, tem a simpatia do governo, tem muita resistência, especialmente do empresariado do comércio e do serviço também. Agora, é preciso ter maturidade e seriedade no debate. Espero que no Congresso os deputados e senadores possam estar sensíveis para enfrentar esse debate com trabalhadores e empregadores.”
O ministro do Trabalho acrescentou que “é importante a gente ter a visão da previsibilidade e da sustentabilidade da economia para não gerar um transtorno. Mas acredito eu, sinceramente, que é plenamente possível falar em redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e um processo de negociação em convenções coletivas que busque estabelecer as necessidades da economia”, concluiu.
Letycia Bond / Ag. Brasil

... Marinho lembrou que diversos projetos que tratam da redução da jornada de trabalho tramitam no Congresso Nacional, inclusive o da jornada 6x1
15/4/2025 17:37:00
Governo propõe salário mínimo de R$ 1.630,00 em 2026
Por: Welton Máximo, da Ag. Brasil - Brasília
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Reajuste segue previsão de 4,76% do INPC mais 2,5%
O salário mínimo em 2026 deverá ser de R$ 1.630, com aumento nominal de 7,37%. O reajuste consta do Projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, enviado nesta terça-feira (15) ao Congresso Nacional.
Atualmente, o salário mínimo está em R$ 1.518. O reajuste segue a projeção de 4,76% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) para os 12 meses terminados em novembro mais o teto de crescimento de gastos de 2,5% acima da inflação, determinado pelo arcabouço fiscal. A estimativa para o INPC também consta do PLDO.
O projeto também apresentou previsões de R$ 1.724 para o salário mínimo em 2027, de R$ 1.823 para 2028 e de R$ 1.925 para 2029. As projeções são preliminares e serão revistas no PLDO dos próximos anos.
Em 2023, o salário mínimo voltou a ser corrigido pelo INPC do ano anterior mais o crescimento do PIB, soma das riquezas produzidas pelo país, de dois anos antes. Essa fórmula vigorou de 2006 a 2019. Por essa regra, o salário mínimo aumentaria 3,4% acima do INPC.
O pacote de corte de gastos no ano passado, no entanto, limitou o crescimento. Isso porque o salário mínimo entrou nos limites do arcabouço fiscal, que prevê crescimento real (acima da inflação) dos gastos entre 0,6% e 2,5%. Dessa forma, foi criada uma trava que reduziu o crescimento real de 3,4% para 2,5%.
Segundo o Ministério do Planejamento e Orçamento, cada aumento de R$ 1 no salário mínimo tem impacto de aproximadamente R$ 400 milhões no Orçamento. Isso porque os benefícios da Previdência Social, o abono salarial, o seguro-desemprego, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e diversos gastos são atrelados à variação do mínimo. Na Previdência Social, a conta considera uma alta de R$ 115,3 bilhões nas despesas e ganhos de R$ 71,2 bilhões na arrecadação.
Edição: Juliana Andrade
Marcello Casal Jr / Ag. Brasil

O reajuste consta do Projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, enviado nesta terça-feira (15) ao Congresso Nacional