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G  E  R  A  L

5/9/2024      18:02:01

 

 

Julgamento do STF que puniu os aposentados pode ser revisto

Por: André Richter, da Ag. Brasil – Brasília

 

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Decisão que permite retomada é do ministro Alexandre de Moraes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Supremo Tribunal Federal (STF) pode retomar nas próximas semanas o julgamento de dois recursos contra a decisão da Corte que derrubou a possibilidade de revisão da vida toda de aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

 

A decisão que permite a retomada do julgamento foi proferida nesta quarta-feira (4) pelo ministro Alexandre de Moraes. O ministro cancelou o pedido de destaque feito no mês passado para suspender o julgamento virtual e iniciar a deliberação no plenário físico.

Com a decisão, os processos devem ser incluídos nas próximas sessões de julgamentos virtuais. A data ainda será definida pelo tribunal.

 

Antes da suspensão, quatro ministros se manifestaram pela rejeição dos recursos apresentados pelo Instituto de Estudos Previdenciários (Ieprev) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadoras Metalúrgicos (CNTM).

 

Além do relator, ministro Nunes Marques, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Cármen Lúcia votaram no mesmo sentido e negaram os recursos.

 

Entre os argumentos apresentados, as entidades defenderam que a revisão seja garantida para quem estava com processos na Justiça. Instâncias inferiores do Judiciário já garantiram o direito à revisão.

 

Em março deste ano, o Supremo decidiu que os aposentados não têm direito de optar pela regra mais favorável para recálculo do benefício. O placar do julgamento foi 7 votos a 4.

A decisão anulou outra deliberação da Corte favorável à revisão da vida toda. A reviravolta ocorreu porque os ministros julgaram duas ações de inconstitucionalidade contra a Lei dos Planos de Benefícios da Previdência Social (Lei 8.213/1991), e não o recurso extraordinário no qual os aposentados ganharam o direito à revisão.

 

Ao julgar constitucional as regras previdenciárias de 1999, a maioria dos ministros entendeu que a regra de transição é obrigatória e não pode ser opcional aos aposentados conforme o cálculo mais benéfico.

 

Edição: Juliana Andrade

Arquivo

Em março deste ano, o Supremo decidiu que os aposentados não têm direito de optar pela regra mais favorável para recálculo do benefício

3/9/2024      10:16:11

 

 

PIB cresce 1,4% no segundo trimestre e fica acima do esperado

Por: Ag. Brasil - São Paulo

 

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Riqueza produzida no País soma R$ 2,9 trilhões

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na manhã desta terça-feira (3) que o Produto Interno Bruto (PIB), soma de toda a riqueza produzida no País, teve crescimento de 1,4% no segundo trimestre deste ano em comparação ao primeiro trimestre.

 

Na comparação com o segundo trimestre de 2023, o crescimento foi de 3,3%. O destaque da economia entre abril, maio e junho deste ano ficou com o desempenho da indústria, com alta de 1,8% no segundo trimestre em relação ao primeiro, seguida pelo setor de serviços, cujo crescimento foi de 1%.

 

A agropecuária recuou 2,3% na comparação entre o segundo e o primeiro trimestre de 2024 e 2,9% em relação ao mesmo período de 2023. Com o resultado de hoje, o PIB totaliza R$ 2,9 trilhões neste ano, sendo R$ 2,5 trilhões referentes ao Valor Adicionado a preços básicos e R$ 387,6 bilhões aos impostos sobre produtos. A taxa de investimento no segundo trimestre, indicador que sinaliza o bom desempenho da economia, foi equivalente a 16,8% do PIB, acima dos 16,4% verificados no segundo trimestre de 2023.

 

O desempenho da indústria foi atribuído aos setores de eletricidade e gás, água, esgoto, atividade de gestão de resíduos, com alta de 4,2%, seguida pela construção, 3,5%, e das indústrias de transformação, com alta de 1,8%. As indústrias extrativas recuaram 4,4% no segundo trimestre em relação ao primeiro.

 

No setor de serviços, as atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados cresceram 2%; informática e comunicação 1,7%; comércio 1,4%, transporte, armazenagem e correio, 1,3%; administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social, 1%; atividades imobiliárias, 0,9% e, por fim, demais atividades do comércio, 0,8%.

 

Serviços

 

No setor externo, o IBGE apurou que as exportações de bens e serviços subiram 1,4% no segundo trimestre deste ano em relação ao primeiro, ao passo que as importações de bens e serviços cresceram 7,6% em relação ao primeiro trimestre deste ano.

 

A comparação com o segundo trimestre de 2024 com o segundo trimestre de 2023 apontou que as iniciativas da Nova Indústria Brasil estão dando o resultado esperado pelo governo. A alta foi de 3,9%, com destaque para os setores eletricidade e gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos, que cresceu nesse período 8,5%. Esse resultado foi decorrente do aumento do consumo de energia em todas as classes, principalmente a residencial.

 

A indústria da construção cresceu 4,4% por causa do aumento do consumo de insumos típicos - areia, cimento e ferro. As indústrias de transformação, por sua vez, estão recuperando a força e tiveram a segunda alta consecutiva, de 3,6%, após terem recuado em todos os trimestres de 2023. Esse resultado positivo foi atribuído às altas verificadas na indústria alimentícia; equipamentos de transporte, em máquinas e aparelhos elétricos e na indústria moveleira. As indústrias extrativas, na comparação do segundo trimestre deste ano com o mesmo período de 2023, cresceram 1%, com destaque para o aumento da extração de petróleo e gás.

 

No setor de serviços, entre o segundo trimestre deste ano com o segundo de 2023, o avanço foi de 3,5%, com resultados positivos em todos os setores: informação e comunicação, com alta de 6,1%; outras atividades de serviços, 4,5%; atividades financeiras, seguros e serviços de relacionamento, 4%; comércio, 4%; atividades imobiliárias, 3,7%; administração, defesa, saúde, educação públicas e seguridade social, 1,9 e transporte, armazenagem e correio, 0,7%.

 

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador que é um antecedente para resultados futuros do PIB, cresceu 5,7% no segundo trimestre deste ano, e a alta é justificada pelo crescimento da produção doméstica e importação de bens de capital (máquinas e equipamentos para as linhas de produção), incluindo, também, os bons desempenhos verificados seja na construção, seja no desenvolvimento de sistemas de informática.

 

Recuperação

 

Felipe Queiroz, economista-chefe da Associação Paulista de Supermercados (Apas), comemorou o resultado e disse que os números superaram as expectativas do mercado. "A economia brasileira teve um crescimento puxado especialmente pela ótica da oferta, pela indústria, que tem apresentado recuperação bastante significativa e robusta, especialmente com o câmbio que gera uma certa proteção à nossa indústria local frente a alguns competidores internacionais e também o setor de serviços" disse.

 

Segundo ele, esse bom desempenho engloba o comércio, que também cresceu no segundo trimestre. "Além disso, a nossa taxa de Formação Bruta de Capital Fixo em alta é resultado dos investimentos, que estão crescendo e sendo retomados ainda que gradualmente", destacou. O economista ponderou, no entanto, que a atenção continua sobre o nível da taxa de juros, em que as expectativas sugerem uma alta da Taxa Selic, o que implica a redução da atividade econômica especialmente para o último trimestre do ano.

 

Para Carlos Lopes, economista do banco BV, o resultado do PIB no segundo trimestre, de 1,4%, foi surpreendente porque esperava-se um percentual de crescimento de 0,9%. Esse desempenho teve forte contribuição da demanda doméstica.

 

"Do lado dado da indústria e serviços, o resultado foi muito positivo, compensando o recuo na atividade da agropecuária, que foi sazonal. Quando olhamos para o lado da demanda, o desempenho foi favorável pelo consumo das famílias, do investimento e das compras governamentais e esses indicadores são relevantes para os próximos meses, a despeito de uma expectativa de alta dos juros. O crescimento da mão de obra com carteira assinada sustenta o aumento do consumo por conta da poupança gerada pelo trabalho", afirmou. 

 

Edição: Marcello Antunes

Paulo Pinto / Ag. Brasil

Na comparação com o segundo trimestre de 2023, o crescimento foi de 3,3%

17/8/2024      18:51:17

 

 

Demandas do MST são apresentadas a Lula na Granja do Torto Por: Andreia Verdélio, da Ag. Brasil – Brasília

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Crédito e regularização estão entre os pedidos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu neste sábado (17) com a coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) para ouvir demandas e contribuições das lideranças políticas do governo. O encontro ocorreu na Granja do Torto, em Brasília, que é a casa de campo da Presidência da República.

 

Entre as demandas estão a facilitação do acesso ao crédito, regularização da situação de cerca de 100 mil acampados em todo o País, estruturação de cadeias produtivas, educação na reforma agrária e incentivos para a produção de alimentos agroecológicos e saudáveis para a população brasileira. Além de expor a pauta de reivindicações, os cerca de 35 integrantes do MST ouviram de representantes do governo federal os programas e ações “que se conectam com os interesses dos integrantes dos movimentos sociais”.

 

Em nota divulgada pela Presidência, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, destacou a importância do diálogo para acelerar os programas públicos para o campo. “Queremos alimentos saudáveis na mesa do povo brasileiro. O presidente já conseguiu tirar 24 milhões de pessoas do Mapa da Fome. Ainda temos cerca de 9 milhões, mas metade da sociedade ainda não se alimenta adequadamente porque falta produto bom, de qualidade, saudável, na mesa", afirmou, lembrando que o MST é parceiro importante na produção de alimentos para o País.

 

Segundo Teixeira, o presidente Lula determinou ao Banco do Brasil e ao Ministério da Fazenda estudos para avaliar a criação de um Desenrola voltado para as questões do campo, além de recursos e créditos voltados para habitação e compra de terras. O Desenrola Brasil é o programa criado pelo governo para renegociação de dívidas da população.

 

Ainda segundo a nota, o integrante da direção nacional do MST, João Paulo Rodrigues, manifestou satisfação com o resultado da reunião e em “ouvir do presidente o compromisso de uma segunda reunião de trabalho em 30 a 40 dias para que o governo apresente resposta às pautas apresentadas”.

 

Parte da conversa tratou ainda da condição específica do MST no Rio Grande do Sul. Ceres Hadich, também da coordenação nacional do MST, afirmou que o movimento entende a catástrofe como parte de uma crise ambiental mundial. "Apresentamos uma pauta recortada olhando para o caso específico dos assentamentos. Houve muitos afetados pelas enchentes: estruturas de cooperativas, de agroindústrias, linhas e cadeias produtivas organizadas, como hortifrutigrangeiros e arroz. Houve o comprometimento do governo em acelerar isso e caminhar de mãos dadas", disse, segundo a nota.

 

Edição: Sabrina Craide

Ricardo Stuckert / PR

Entre as demandas estão a facilitação do acesso ao crédito, regularização da situação de cerca de 100 mil acampados em todo o País, estruturação de cadeias produtivas, ...

15/8/2024      13:17:00

 

 

Saúde: Brasil instala Centro de Operações de Emergência à mpox

Por: Paula Laboissière, da Ag. Brasil - Brasília

 

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Em 2024, foram notificados 709 casos confirmados ou prováveis no País

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Ministério da Saúde instalou nesta quinta-feira (15) um Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) para coordenar as ações de resposta à mpox no Brasil. A doença foi declarada emergência em saúde pública de importância internacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Dados da pasta brasileira indicam que, desde 2023, o País apresenta estabilidade no número de infecções.

 

De acordo com o ministério, desde a primeira emergência decretada em razão da doença, de 2022 a 2023, a vigilância para a mpox se manteve como prioridade. A pasta informou que vinha monitorando atentamente a situação mundial e as informações compartilhadas pela OMS e por outras instituições e que já iniciou a atualização das recomendações e do plano de contingência para a doença no Brasil.

 

Casos e mortes

 

Dados do ministério mostram que, em 2024, foram notificados 709 casos confirmados ou prováveis de mpox no Brasil, um número classificado pela pasta como “significativamente menor” quando comparado aos mais de 10 mil casos notificados em 2022, durante o pico da primeira emergência da doença no país. Desde 2022, foram registrados ainda 16 óbitos, sendo o mais recente em abril de 2023.

 

Vacinação

 

Ainda segundo o ministério, a vacinação contra a mpox no Brasil foi iniciada em 2023, durante a primeira emergência global pela doença, com o uso provisório de uma dose liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e priorizando pessoas com maior risco de evolução para formas graves da doença. Desde o início da imunização, mais de 29 mil doses foram aplicadas.

 

Edição: Juliana Andrade

José Cruz / Ag. Brasil

De acordo com o ministério, desde a primeira emergência decretada em razão da doença, de 2022 a 2023, a vigilância para a mpox se manteve como prioridade

Rovena Rosa (Ag. Brasil)

A série mostrou que decisões do prefeito Ricardo Nunes (MDB-SP), candidato à reeleição, beneficiaram pessoas próximas a ele

8/8/2024      14:00:18

 

Reportagens levam MP a investigar gestão de Ricardo Nunes como prefeito de SP
Por: Amanda Audi, da Agência Pública


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

As revelações trazidas pelas reportagens da série “Todos os amigos de Nunes”, publicadas pela Agência Pública entre abril e julho deste ano, suscitaram representações no Ministério Público Estadual (MP-SP). A série mostrou que decisões do prefeito Ricardo Nunes (MDB-SP), candidato à reeleição, beneficiaram pessoas próximas a ele.

A mais recente é do dia 29 de julho, quando o vereador Toninho Vespoli (Psol-SP) acionou o MPSP para apurar os termos do contrato entre a prefeitura de São Paulo e a Sociedade Beneficente Equilíbrio de Interlagos (Sobei), que administra 15 creches terceirizadas.

A Pública mostrou, em 29 de julho, que a prefeitura pagou R$ 7 milhões para a Sobei mesmo após ter recebido uma decisão judicial segundo a qual não era obrigada a fazer o pagamento. O acordo se refere à recomposição de perdas de aluguel de imóveis usados pela Sobei. Nove dos dez contratos beneficiados, porém, são de imóveis em nome de um dos fundadores da Sobei, Benjamin Ribeiro, e um sócio dele, Sérgio Janikian.

Nunes conheceu Ribeiro na maçonaria – a loja maçônica que ambos frequentavam funciona no mesmo endereço da Sobei. Ribeiro e Janikian foram doadores de campanhas eleitorais passadas de Nunes. Os contratos com pessoas próximas ao prefeito, que beneficiam a própria Sobei, vão contra as leis municipais.

Na mesma semana em que a reportagem foi publicada, a Polícia Federal (PF) indiciou mais de cem pessoas por desvios na gestão de creches pela prefeitura e disse que continuará investigando Nunes. Pessoas ligadas ao prefeito trabalharam em entidades investigadas e em uma empresa “noteira”, segundo descrição da PF, que fez um repasse para empresa da família do prefeito.

“Ricardo Nunes está, possivelmente, usando a máquina pública para fazer diversos esquemas e favorecer seus aliados, amigos e doadores de campanha”, disse Vespoli. “O MP e demais órgãos de controle precisam agir o quanto antes.”

Em julho, a presidenta do Psol-SP, Débora Lima, moveu uma representação no MP contra Nunes para investigação de crime de responsabilidade e improbidade administrativa em relação à desapropriação de cinco imóveis na região central da capital paulista, motivada por denúncias apresentadas em reportagem da Pública.⁠

Mesmo com dívida de R$ 10 milhões, a prefeitura vai pagar cerca de R$ 20 milhões pela desapropriação dos cinco imóveis. Um deles é o de Fauzi Nacle Hamuche, sócio-administrador da Axel Empreendimentos Imobiliários e “confrade” do prefeito.

A outra investigação do MP motivada por reportagens da Pública se refere à compra de armadilhas para combater o mosquito da dengue vendidas pela empresa de outro amigo de Nunes. Marco Bertussi e o prefeito são fundadores e dirigentes de uma mesma associação de controle de pragas. A Pública revelou também que as três empresas que participaram da licitação têm ligação com Bertussi.

18/7/2024      04:00:00

 

 

Desapropriação de prédio em SP beneficia empresa de amigo do prefeito

Por: Matheus Santino, da Agência Pública

 

Prédio tem dívida de R$ 10 milhões; especialistas criticam que indenização é “prêmio” para quem deixa imóvel ocioso

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A prefeitura de São Paulo vai pagar cerca de R$ 20 milhões pela desapropriação de cinco imóveis no centro da cidade, sendo um deles da empresa de um amigo do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Apuração da Agência Pública mostra que Fauzi Nacle Hamuche é sócio-administrador da Axel Empreendimentos Imobiliários. A empresa é a dona de um edifício na rua General Carneiro, no centro histórico de São Paulo, que será desapropriado e destinado para Habitação de Interesse Social (HIS).

 

Em junho deste ano, Nunes anunciou a desapropriação de cinco imóveis ociosos na região central da capital. Segundo informações da própria prefeitura, os imóveis tinham sido notificados por não cumprirem a função social e serão repassados para a Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab-SP), que vai transformá-los em Habitação de Interesse Social através de parceria público-privado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Segundo o Portal da Dívida Ativa de São Paulo, o imóvel da empresa Axel que será desapropriado está com uma dívida em aberto superior a R$ 10 milhões. Em outubro de 2023, a Vara de Execuções Fiscais da Justiça do Estado de São Paulo havia declarado a indisponibilidade dos bens da Axel: na prática, isso bloqueia o direito da empresa ao imóvel. A reportagem apurou que a Axel tem 65 imóveis registrados na cidade de São Paulo pelo CNPJ da empresa e outros 41 pelo CPF de Hamuche.

 

Por que isso importa?

 

A desapropriação de imóveis no centro da cidade de São Paulo custa recursos da prefeitura que, no caso, vão para empresas com dívidas com o próprio poder público. A relação do prefeito Ricardo Nunes com empresários tem sido alvo de denúncias de favorecimento ou irregularidades, como a Pública já mostrou.

 

Além de Hamuche, a empresa tem como sócio uma outra empresa chamada Vyvus, que tem Victor Fauzi Hamuche, filho de Fauzi, como representante legal e sócio-administrador. A empresa Vyvus tem também outras duas empresas na sua composição societária: a Xastar, que tem Victor como administrador e Fauzi como sócio-administrador; e a Genesis II, que tem Fauzi como sócio-administrador.

 

A reportagem procurou Hamuche, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.

 

Questionada sobre o processo de desapropriação, a Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL) informou à reportagem que os imóveis serão desapropriados com recursos do Tesouro Municipal. Segundo a secretaria, ao todo, os imóveis têm valor venal estimado em R$ 35 milhões, de acordo com as referências da prefeitura de 2023. O total de débitos de IPTU que consta no Portal Dívida Ativa para os cinco imóveis é de cerca de R$ 16 milhões. A prefeitura não respondeu quanto a empresa de Hamuche irá receber pela desapropriação do seu imóvel nem confirmou o valor da dívida do prédio da Axel.

 

Desapropriação beneficia donos de imóveis parados, critica pesquisadora

 

Para especialistas ouvidos pela Pública, apesar de o anúncio parecer algo positivo, o prefeito Ricardo Nunes não teria usado o procedimento correto para as desapropriações e estaria dando um “prêmio” para os proprietários, que estavam havia anos sem usar os prédios e acumulando dívidas.

 

É o que diz Bianca Tavolari, professora da Fundação Getulio Vargas (FGV) e pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). “A pessoa deixou o imóvel vazio, te notifiquei, mandei usar, mandei construir, mandei parcelar, cobrei cinco anos de IPTU de você e, no final, ainda te pago em dinheiro previamente? Melhor coisa para esse proprietário não fazer nada”, diz. “Para o proprietário é maravilhoso, é ganhar milhões […] Você não fez nada e a prefeitura compra de você, é um prêmio”, completa.

 

Tavolari explica que a desapropriação para proprietários que não cumpriram a função social da propriedade deve ser sancionatória, ou seja, uma forma de punir o dono. “Nesses casos, a prefeitura pode, primeiro, notificar o proprietário. Você tem um imóvel, um terreno vazio, que não construiu por dez anos, [em seguida] você recebe uma notificação da prefeitura dizendo que seu imóvel descumpre a função social da propriedade. O segundo momento é a possibilidade de cobrança de IPTU progressivo no tempo. A prefeitura vai começar a cobrar IPTU, ou seja, o município não quer arrecadar, quer que a pessoa use [o imóvel], quer desincentivar essa conduta de manter vazio”, explica.

 

“Só depois de todos esses passos, o poder público poderia falar ‘agora eu vou te desapropriar de maneira sancionatória’”, completa. Nesses casos, a indenização seria paga com títulos da dívida pública, que devem ser previamente aprovados pelo Senado Federal e resgatados em até dez anos pelo proprietário.

 

Fernando Bruno, mestre e doutor em direito do Estado pela Universidade de São Paulo (USP) e diretor do antigo Departamento de Controle da Função Social da Propriedade, durante a prefeitura de Fernando Haddad em São Paulo, concorda que existem outras formas de fazer o processo sem que o proprietário que deixou o imóvel ocioso seja beneficiado.

 

“O próprio Estatuto da Cidade determina que, enquanto a prefeitura não desapropriar com o pagamento de títulos, a alíquota progressiva do IPTU continua. O proprietário vai continuar pagando uma alíquota maior porque o imóvel dele está ocioso. A segunda coisa é […] o contato com o Senado para pedir uma exceção por causa da função social da propriedade.”

 

Bruno explica que a estratégia que o prefeito Ricardo Nunes usou não é ilegal, mas “uma política urbana que, ao invés de forçar o proprietário a dar uma função social, o brinda, lhe dá de brinde a desapropriação do seu imóvel”, diz. “Eu tenho aquela coisa enorme lá que pode ter vários usos e que está ocioso, e ainda sou premiado com a prefeitura tirando o mico da minha mão”, critica.

 

A Pública questionou a prefeitura sobre a estratégia usada para a desapropriação dos cinco imóveis. Em resposta, a SMUL informou que os critérios foram: ingressar na quinta alíquota de IPTU Progressivo no Tempo, o imóvel estar localizado na região central do município e ser apto a receber unidades habitacionais de interesse social ou implantação de equipamentos públicos.

 

Hamuche e Nunes: confrades

 

Fauzi Nacle Hamuche tem uma relação bem próxima com o prefeito de São Paulo. Hamuche é presidente da Confraria de Amigos do Vinho Eduardo Saddi (Caves) e, em seu Instagram, tem muitas publicações nas quais aparece ao lado de Nunes e o chama de confrade.

 

Em um dos vídeos encontrados pela reportagem, de maio de 2023, Hamuche apresenta Nunes em uma cerimônia de posse do presidente do Conselho Deliberativo do Clube Atlético Juventus, na Mooca, zona Leste da cidade, e diz que o prefeito “está revolucionando a cidade de São Paulo e tem feito coisas que a publicidade não transparece, mas que virão à tona no fim do primeiro mandato”. No vídeo, Hamuche diz também que “todos aplaudirão e farão com que ele seja reeleito no primeiro turno dessas eleições”.

 

Em foto mais recente, publicada no dia 27 de maio deste ano, Hamuche aparece ao lado de Nunes, do cientista político Rubens Figueiredo e do secretário de Justiça de São Paulo, Fernando José da Costa. Na legenda, Hamuche faz elogios a Nunes e à sua gestão, chamando o confrade prefeito de “probo público com inteligência suficiente e religiosidade nas suas condutas”.

Na mesma publicação, Hamuche diz que os presentes na reunião sugeriram um projeto de túneis entre as avenidas Faria Lima e Juscelino Kubitschek e um programa de reeducação dos motoqueiros no trânsito. A Pública perguntou para a prefeitura se o projeto está sendo considerado, mas não recebeu resposta. A reunião não estava na agenda oficial do prefeito.

 

Em junho de 2023, Hamuche apareceu ao lado de Nunes, do ex-presidente Jair Bolsonaro e do ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo federal Fábio Wajngarten. Na ocasião, o empresário escreveu “os apoios para a reeleição caminham rumo à vitória”. Já em maio do ano passado, Hamuche publicou uma imagem da capa da Revista Crusoé que entrevistou Nunes, na qual a publicação destaca uma fala do prefeito: “Boulos invade casas, eu as construo”.

 

No anúncio das desapropriações, o prefeito usou uma expressão parecida à de Hamuche, ao falar que está fazendo “aquilo que a sociedade quer e deseja, que a gente sempre esteja dentro da lei, sem invasão, sem desordem, mas cumprindo a legislação em sua plenitude”.

 

Segundo Tavolari, o prefeito estaria fazendo uma distinção falsa entre legalidade e ilegalidade. “Primeiro que as ocupações não são ilegais. Se você está ocupando, é porque existe um princípio constitucional de cumprimento da função social da propriedade e cumpre essa função dando destinação para o imóvel, que esse proprietário não deu, você está efetivando a Constituição. A segunda coisa é a ideia de que desapropriando dessa maneira ele está cumprindo a legislação. Não é verdade. Ele fez uma escolha de premiar quem descumpre a função social da propriedade”, diz.

 

A reportagem perguntou os motivos pelos quais Hamuche se faz tão presente em eventos do prefeito e qual sua contribuição para a gestão de Ricardo Nunes, mas a prefeitura não respondeu.

 

A Pública perguntou também se o fato de o proprietário ter uma relação próxima com o prefeito foi um dos motivos para que o imóvel tenha sido um dos primeiros a serem desapropriados, mas a prefeitura não respondeu aos questionamentos.

 

Quais são os outros imóveis

 

Dos outros quatro imóveis que serão desapropriados pela prefeitura, dois também estão localizados no centro histórico, na rua Floriano Peixoto. Os prédios são vizinhos e pertencem à mesma empresa, a Caxemira – Gestão de Bens Próprios Participações. Os sócios-administradores da empresa são Carlos Donizete de Moraes e Cleide Barbosa Giro de Moraes.

 

Outro imóvel que será desapropriado fica na região do Campos Elíseos, na alameda Barão de Limeira, e pertence à empresa S. G. Empreendimentos Imobiliários. A empresa tem Sarah Siqueira Matheus de Queiroz Guimarães como sócia-administradora e André Siqueira Matheus como sócio.

 

O quinto imóvel do grupo fica no bairro da República, na rua Doutor Teodoro Baima. Os proprietários são José Luiz Correia e Suely de Fátima Correia.

 

A reportagem procurou a Coordenadoria de Controle da Função Social da Propriedade para saber quais critérios foram utilizados e se existem planos para mais desapropriações desse tipo na cidade. O órgão não respondeu aos questionamentos até o momento da publicação.

 

Edição: Bruno Fonseca

Foto: Agência Pública

Ao centro, prédio de amigo do prefeito Ricardo Nunes, localizado na região central de São Paulo, tem dívida de R$ 10 milhões

Reprodução / Agência Pública

Em foto mais recente, publicada no dia 27 de maio deste ano, Hamuche aparece ao lado de Nunes, do cientista político Rubens Figueiredo e do secretário de Justiça de São Paulo, Fernando José da Costa

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11/6/2024      14:15:17

 

 

Prefeitura de SP volta a beneficiar amigo do prefeito Ricardo Nunes

Por: Amanda Audi, da Ag. Pública

 

Administração pública fechou contrato de R$ 5,3 milhões com a Biovec para compra de sachês inseticidas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Depois da Agência Pública revelar que a Prefeitura de São Paulo fez um acordo milionário com a empresa de um amigo próximo ao prefeito Ricardo Nunes (MDB-SP), a administração municipal fechou mais um contrato com a empresa Biovec Comércio de Saneantes, de R$ 5,3 milhões, para compra de sachês inseticidas contra o mosquito da dengue. 

 

Ao todo, a prefeitura já pagou R$ 30,5 milhões a Marco Antonio Bertussi, dono da Biovec e amigo do prefeito, em três contratos desde o ano passado. Bertussi é diretor de uma associação de controle de pragas da qual Nunes é presidente, conforme a Pública mostrou em abril.

 

Também mostramos que Bertussi tem ligação direta ou indireta com as três empresas que participaram da licitação para venda de sachês e armadilhas contra o mosquito vetor da doença. 

 

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) investiga os indícios de irregularidades. Bertussi chegou a ser convocado para prestar depoimento na procuradoria, mas não foi encontrado. Uma nova data foi marcada para julho. Nunes e outros agentes da prefeitura também foram chamados a dar esclarecimentos.

 

Mesmo com a denúncia, a prefeitura decidiu continuar comprando da empresa investigada. O último processo para comprar 50 mil sachês, ao valor unitário de R$ 107, foi incluído no sistema de pagamentos da prefeitura um dia depois da publicação da primeira matéria da Pública.

 

Foi usado o modelo ata de registro de preços, que permite várias compras sem a necessidade de nova licitação. O valor da compra foi empenhado em 11 de abril e o pagamento foi concluído no início de maio.

 

Além das revelações da Pública, há outros indícios de que houve direcionamento na licitação vencida pela Biovec. O objeto de contratação é bem parecido com a armadilha fabricada pela empresa holandesa In2Care, que no Brasil é revendida com exclusividade pela Biovec. 

 

O edital exige que a armadilha seja feita de plástico escuro, no formato balde e com capacidade para cinco litros, exatamente como o produto da Biovec. A composição dos sachês inseticidas também é praticamente idêntica. Há até a obrigatoriedade da empresa vencedora oferecer um software para gerenciar as armadilhas – semelhante ao que a Biovec divulga em seu site.

 

Uma lista com as similaridades foi elaborada pela equipe do vereador Toninho Vespoli (PSOL-SP) e enviada ao Ministério Público, que a incluiu na investigação no fim de junho. 

 

“Não há nenhuma regra que obrigue a prefeitura a continuar fazendo negócios com uma empresa suspeita de ter se favorecido irregularmente. Seria possível fazer uma nova licitação ou adotar outro modelo de compra”, de acordo com Marcelo Nerling, professor de direito público da Universidade de São Paulo (USP), especialista em contas públicas. 

 

“Há muitos indícios de problemas [com a licitação vencida pela Biovec]. A prefeitura, a Câmara de Vereadores ou o Tribunal de Contas do Município poderiam ter sustado novos pagamentos e iniciado uma investigação própria”, afirma Nerling.

 

Após a publicação da reportagem da Pública, a vereadora Luna Zarattini, do PT, entrou na Justiça pedindo a suspensão dos pagamentos já feitos para a Biovec. O MP deu parecer favorável, alegando que há “indícios suficientes para a concessão da liminar no que tange à quebra do princípio da impessoalidade e de direcionamento da licitação”. 

 

“Não é possível que o poder público continue a efetuar pagamentos em benefícios da empresa que teria vencido indevidamente a licitação”, escreveu, no parecer, a promotora Claudia Cecilia Fedeli.

 

Em 7 de maio, porém, a juíza Carmen Teijeiro e Oliveira, da 5ª Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo, negou o pedido de liminar. Segundo ela, os indícios seriam “meras suspeitas que, portanto, devem ser tratadas como tal”, e recomendou a realização de uma investigação pelos órgãos competentes. Ainda não há uma data para julgamento do mérito da ação.

 

Pedimos esclarecimentos à prefeitura, que não respondeu até a publicação desta reportagem. Em outras ocasiões, o órgão negou ter cometido qualquer irregularidade. Em nota, a Biovec disse que “é uma empresa que nasceu com o objetivo de desenvolver, entre outros, programas de combate à [sic] mosquitos, especialmente do gênero Aedes, atuando na defesa da saúde pública. A Biovec afirma que todas as contratações realizadas pela empresa seguiram rigorosamente suas políticas de compliance e as legislações vigentes, reafirmando assim seu compromisso com a plena integridade”.

 

Negócio lucrativo

As armadilhas vendidas pela Biovec à prefeitura de São Paulo são recipientes escuros que contêm água e veneno e servem para atrair a fêmea do mosquito. Ao colocar os ovos no local, o inseto carrega em si o larvicida e contamina outros criadouros.

 

O sindicato dos servidores da prefeitura relatou que as armadilhas deveriam ter manutenção periódica, mas há falta de pessoal e estrutura para dar conta dos prazos. Com isso, o veneno perde o efeito e as larvas conseguem se desenvolver. As armadilhas, que deveriam matar o mosquito, acabam se tornando criadouros.

 

Também há indício de sobrepreço na compra dos equipamentos. Cada um custou cerca de R$ 400 para a prefeitura, mas custaria apenas R$ 10 se fosse feita em parceria com a Fiocruz, de acordo com reportagem da Folha de S.Paulo.

 

A relação das empresas de Marco Antonio Bertussi com a prefeitura de São Paulo é mais antiga que a licitação das armadilhas. Em 2019, outra empresa dele, a TN Santos, fez uma doação dos equipamentos para o município fazer um teste. A doação, no valor de R$ 118 mil, foi intermediada por Ricardo Nunes, então vereador. 

 

No fim do teste, a Secretaria de Saúde decidiu que queria adotar as armadilhas no plano de combate à dengue. Isso motivou a abertura da licitação, em 2023 – que foi vencida pela Biovec, também de Bertussi.

 

As outras empresas que participaram da licitação também têm conexão com o empresário. Uma delas foi a própria TN Santos. A outra, a Biolive, é uma empresa de Salvador ligada a um sócio de Bertussi.

 

Foi com negócios no ramo de controle de pragas que Nunes obteve sucesso profissional antes de entrar para a política. Em 1997, ele abriu a Nikkey, uma empresa de dedetização que hoje atua em cinco estados. Nunes só deixou a sociedade apenas em 2022, depois de ter se tornado prefeito da capital. 

 

Atualmente a Nikkey é gerida por seu filho, Ricardo Nunes Filho, e a nora, Amanda Zillig Nunes. A empresa chegou a ser investigada no esquema da máfia das creches por ter recebido pagamentos de uma empresa suspeita de emitir notas frias.

 

Edição: Mariama Correia

Arquivo

Ao todo, a prefeitura já pagou R$ 30,5 milhões a Marco Antonio Bertussi, dono da Biovec e amigo do prefeito Ricardo Nunes (foto)

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