17/2/2024 14:46:23
Documentário sobre motéis é escolhido para festival no exterior
Por: da Redação
No documentário Eros, pessoas frequentadoras de motel foram convidadas a se filmar durante uma noite e compartilhar os seus vídeos para fazer parte do filme dirigido pela britânica-brasileira Rachel Daisy Ellis.
O longa-metragem Eros foi o único brasileiro selecionado para a 21ª edição do festival internacional de documentários de Copenhague, na Dinamarca, o CPH:DOX 2024, dentro da seção Next:Wave, que traz apenas dez títulos de realizadores emergentes internacionais, considerada uma amostra do que há de mais inovador entre documentários mundiais de cineastas em início de carreira.
Sucessos como Queendom e The Last Year of Darkness estrearam no festival em 2023. Eros concorrerá ao prêmio Next: Award e ao prêmio de audiência.
O CPH:DOX é um dos festivais europeus mais prestigiosos de documentários e acontece de 13 a 24 de março de 2024.
Daisy Ellis destacou que está “muito feliz com a seleção no festival que é uma plataforma tão importante para novos realizadores de documentário e que dá visibilidade a projetos e autores que estão experimentando com linguagens e provocando novos debates em torno do documentário. Vai ajudar a garantir que Eros seja visto e debatido com mais gente.”
O documentário surgiu de uma vontade de explorar e refletir sobre o maior instituição de sexo do Brasil: o motel que “serve como um prisma das normas e práticas sexuais e emocionais e faz parte do tecido da identidade sexual do país”, explicou a diretora sobre o desejo de fazer um filme sobre motéis. “Queria explorar e entender melhor as relações que aconteceram entre as quatro paredes dos suítes de motel e o que poderiam revelar sobre como nos relacionamos intimamente”, completou.
Todas as filmagens foram realizadas com os celulares das próprias personagens que foram convidados a se filmaram durante uma estadia, numa suíte de sua escolha. “Escolhi o dispositivo do auto registro como maneira de adentrar a intimidade e explorar a auto-representação. O filme acabou sendo um mergulho nas relações íntimas, a liberdade sexual, o refúgio, a relação corpo-espaço, a auto-representação, a performance, o amor romântico e a solidão”, afirmou a cineasta.
O documentário, produzido por Dora Amorim da produtora Ponte, em parceria com a produtora da diretora, Desvia, tem distribuição no Brasil da Fistaile, de Talita Arruda e Marina Tarabay. O filme faz parte de um trabalho mais amplo autoral da diretora que explora a influência de instituições nas relações interpessoais, e também o auto-registro.
Sobre o conteúdo bastante explícito no filme, a diretora esclareceu: “fiquei surpresa e tocada com a generosidade com que as pessoas se expuseram, mas entendi que também existe uma vontade erótica, um desejo de se exibir pro mundo, mostrar seus corpos e contar pro mundo suas histórias. A parceria e cumplicidade entre eu e todos os personagens foi um processo muito lindo e enriquecedor, não apenas para o filme mas pessoalmente”, revelou Daisy Ellis.
A diretora e o montador Matheus Farias costuraram 10 histórias de pessoas que se filmam durante uma noite em 10 suítes diferentes, de distintos lugares do Brasil. A montagem aconteceu em paralelo a pesquisa e a produção, num processo circular, e não linear, ao longo de dois anos.
A diretora é conhecida por seu trabalho como produtora de títulos nacionais como Boi Neon, Divino Amor e Doméstica, dirigidos por Gabriel Mascaro, com quem tem uma parceira na produtora Desvia, há 14 anos.
Em 2018, a cineasta dirigiu um curta documentário, “Mini Miss”, seu primeiro trabalho como diretora, que estreou em True/False nos Estados Unidos e ganhou o prêmio de aquisição do Canal Brasil no festival Brasileiro É Tudo Verdade. Eros é seu primeiro longa-metragem como diretora e tem outros projetos documentários em diferentes fases de desenvolvimento e produção.
Divulgação
“Queria explorar e entender melhor as relações que aconteceram entre as quatro paredes dos suítes de motel e o que poderiam revelar sobre como nos relacionamos intimamente”, contou a diretora