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9/10/2025      09:17:55

 

 

Meu vizinho anda nu em seu apê e eu consigo ver. Ele pratica crime?

Por: da Redação

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A vida em condomínio envolve um convívio constante entre pessoas com diferentes hábitos, culturas e modos de viver. Uma das maiores preocupações nesse contexto é o direito à privacidade, especialmente, quando a proximidade entre janelas e varandas coloca moradores diante de situações delicadas.

 

Um exemplo curioso e recorrente foi contado por uma moradora, que relatou que o vizinho de um prédio ao lado costuma transitar nu dentro do próprio apartamento. Sem cortinas ou películas de proteção, ele pode ser visto facilmente por quem está no edifício ao lado. A dúvida da moradora, que reflete a de muitos outros em situações semelhantes, é: se alguém anda nu dentro de casa e pode ser visto pelos vizinhos, isso constitui crime?

 

A intimidade dentro do apartamento

 

O apartamento é juridicamente considerado um espaço privado e exclusivo. Dentro dele, o morador possui ampla liberdade para exercer sua vida íntima, desde que não ultrapasse limites que prejudiquem a coletividade. Conforme a advogada Juliana Teles, especialista em Direito Condominial, o direito à intimidade é constitucionalmente protegido.

 

“Isso significa que cada pessoa pode viver da forma que preferir dentro da sua residência, inclusive circular sem roupas. Esse comportamento, por si só, não configura crime. Porém, se a exposição se torna intencional e reiterada, podendo constranger ou ofender terceiros, pode haver uma interpretação jurídica diferente, envolvendo até crimes contra a dignidade sexual”, explicou Teles.

 

O limite entre liberdade e exposição

 

Para a advogada, a grande questão está no limite entre a liberdade individual e a privacidade alheia. Embora um morador possa circular nu dentro do seu apartamento, a ausência de cortinas ou o hábito de se expor constantemente diante de janelas abertas pode gerar desconforto ou constrangimento para os vizinhos.

 

“O direito à privacidade é recíproco. Enquanto o morador tem o direito de viver como quiser em sua unidade, os vizinhos também têm o direito de não serem expostos, contra a vontade, a cenas que possam gerar incômodo. É nesse ponto que surge a necessidade de equilíbrio e bom senso”, afirmou a advogada.

 

O que diz a lei

 

O Código Penal (art. 233)caracteriza-se como ato de mal-estar “praticar ato obsceno em lugar público, aberto ou exposto ao público”. Ou seja, se for comprovado que a exposição foi proposital e com intenção de ofender ou chocar, pode haver enquadramento.


Código Civil (art. 1.336)garante o uso da unidade de forma plena, desde que não cause danos ou incômodos aos demais.


Constituição Federal (art. 5º, X)protege a intimidade, a vida privada e a honra, tanto dentro quanto fora do ambiente condominial.


Esfera condominial o regimento interno dificilmente terá regras sobre esse tipo de situação, mas o síndico pode atuar como mediador, evitando que o caso escale para conflitos mais graves.

 

Quando pode haver responsabilização?

* Sem dolo (intenção): se o morador apenas anda nu dentro de casa, sem intenção de se exibir, não há crime. Nesse caso, a recomendação é o diálogo entre vizinhos para evitar constrangimentos.


* Com dolo (intenção): se ficar comprovado que a exposição é intencional, repetitiva e com a finalidade de chocar, pode haver responsabilização criminal.


* Impacto coletivo: em situações em que o comportamento gere desconforto generalizado ou reclamações formais, o síndico pode registrar em assembleia e orientar os envolvidos a buscar soluções.

 

Orientações práticas

 

Para quem circula dentro do próprio apartamento

 

* Lembrar que janelas e varandas expostas a prédios vizinhos tornam a vida íntima visível a terceiros.


* Cortinas, persianas ou películas ajudam a preservar a privacidade e evitam mal-entendidos.

 

Para quem se sente incomodado

 

* Evitar conflitos diretos agressivos; o primeiro passo é a conversa respeitosa.


* Registrar as ocorrências com datas e situações, caso seja necessário levar o caso ao síndico ou às autoridades.


* Avaliar se o fato realmente causa constrangimento ou se trata apenas de um hábito diferente.

 

Para o síndico

 

* Atuar como mediador, sem invadir a esfera privada.


* Orientar os moradores sobre os limites da convivência e esclarecer os direitos de cada um.


* Caso haja reiteradas reclamações, registrar em ata e, se necessário, sugerir medidas formais.

 

Conforme Teles explicou, “não se trata de criminalizar a intimidade dentro da residência. A vida privada é inviolável. Entretanto, quando a conduta se torna ostensiva e passa a impactar os vizinhos de forma constrangedora, é preciso avaliar juridicamente os limites”.

 

A advogada ressaltou que o diálogo e a conscientização sobre o respeito mútuo são sempre os melhores caminhos para prevenir conflitos em condomínios.

 

Assim, o episódio do vizinho que anda nu em seu apartamento não é necessariamente crime, mas expõe um tema cada vez mais relevante em condomínios modernos: o equilíbrio entre liberdade individual e respeito à privacidade coletiva.

Foto Ilustrativa (Arquivo)

Um exemplo curioso e recorrente foi contado por uma moradora, que relatou que o vizinho de um prédio ao lado costuma transitar nu dentro do próprio apartamento.

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